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Dez egípcios da força da ONU na África são feridos pela guarda presidencial

Capacetes azuis da ONU na República Centro-Africana - AFP PHOTO / ALEXIS HUGUET
Capacetes azuis da ONU na República Centro-Africana Imagem: AFP PHOTO / ALEXIS HUGUET

02/11/2021 10h37

Dez capacetes azuis egípcios da Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca) foram feridos na segunda-feira (1) por tiros disparados pela guarda presidencial em Bangui, anunciou a ONU nesta terça-feira (2), condenando "um ataque deliberado".

"Os elementos da Unidade de Polícia Constituída egípcia", que circulavam em um ônibus, "sofreram inúmeros tiros da guarda presidencial sem prévio aviso ou resposta, quando não estavam armados", declarou a ONU em nota. Dois deles ficaram gravemente feridos.

Ao deixar a área após o tiroteio, a cerca de 120 metros da residência presidencial, o ônibus "atropelou uma mulher que perdeu a vida", acrescentou a Minusca, que "expressou suas condolências à família da vítima durante reunião no final do dia".

Os capacetes azuis da unidade policial haviam desembarcado naquele mesmo dia no aeroporto de Bangui como parte da rotação regular e destacamento de tropas na República Centro-Africana.

Eles estavam indo para sua base em um ônibus claramente identificado "com as iniciais UN", segundo Vladimir Monteiro, porta-voz da Minusca.

Procuradas pela AFP, as autoridades centro-africanas ainda não responderam.

Em outubro, o chefe das Nações Unidas, Antonio Guterres, denunciou "incidentes hostis" contra as forças de paz das Nações Unidas envolvendo "forças de defesa e de segurança mobilizadas bilateralmente".

Segundo a organização, os ataques contra seus funcionários podem "constituir crimes de guerra".

As Nações Unidas também denunciaram "a persistência de campanhas de desinformação" contra a Minusca.

"Tais ações impedem o cumprimento do mandato, colocam em risco as vidas dos mantenedores da paz e estão em contradição com os compromissos do presidente Faustin Archange Touadéra e do governo", disse Guterres, apelando às autoridades centro-africanas por "medidas concretas" para colocar um fim a tais situações.

Referiu-se também a "violações graves", como "obstrução à liberdade de circulação das patrulhas da Minusca, detenção ou prisão de (seus) membros, ameaças e tentativas de revistar veículos e residências do pessoal das Nações Unidas".

Entre 1º de junho e 1º de outubro, as Nações Unidas registraram sete ataques hostis contra membros da Minusca e 18 casos de assédio nas estradas por forças de segurança nacional.

Classificada como o segundo país menos desenvolvido do mundo pelas Nações Unidas, a República Centro-Africana mergulhou em uma sangrenta guerra civil após um golpe em 2013. O conflito continua, mas diminuiu consideravelmente nos últimos três anos, apesar do fato de que grande parte do território continua a escapar do controle central.