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Aliados ocidentais de Hong Kong condenam eleições 'apenas para patriotas'

20/12/2021 15h16

Hong Kong, 20 dez 2021 (AFP) - Aliados ocidentais de Hong Kong condenaram nesta segunda-feira (20) as eleições legislativas "apenas para patriotas", ao considerar que as novas normas impostas por Pequim, que reduzem as cadeiras eleitas diretamente e controlam os candidatos, "eliminando" a oposição.

Os Estados Unidos, o Reino Unido, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia rejeitaram esses novos regulamentos em uma declaração conjunta na qual expressaram preocupação com "a erosão dos elementos democráticos do sistema eleitoral".

"Essas mudanças eliminam qualquer oposição política significativa", afirmaram.

O G7 também manifestou nesta segunda-feira sua "profunda preocupação" com as eleições em Hong Kong, ao considerar que apaga "os elemntos democráticos do sistema eleitoral" porque só permitiu a participação dos candidatos leais a Pequim.

"Reiteramos energicamente nosso pedido à China para (...) respeitar os direitos e liberdades fundamentais em Hong Kong" e também "fazemos um apelo às autoridades da China e Hong Kong (...) para que acabem com a perseguição injustificada daqueles que defendem a democracia", destacaram em um comunicado os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

A China segue uma política de repressão contra a oposição em Hong Kong desde as marrivas manifestações pró-democracia de 2019.

Pequim impôs uma lei de segurança nacional que criminaliza muitos dissidentes e estabeleceu novas regras para uma eleição "apenas para patriotas", que reduziram drasticamente o número de deputados eleitos de forma direta e determinam quem pode disputar os cargos.

No domingo, realizaram-se as primeiras eleições sob este regulamento para eleger os membros da Assembleia Legislativa ("LegCo").

A participação foi de 30%, a menor desde que a cidade passou do comando britânico para o chinês em 1997. Em 2016, a taxa de participação foi de 52,6%.

Alguns dados que, para a chefe de governo da ex-colônia britânica, Carrie Lam, foram bastante positivos.

"Hong Kong está de volta ao caminho correto de 'um país, dois sistemas'", declarou Lam, em referência ao modelo usado pela China para dar certa autonomia à cidade.

- "Não podemos copiar" -"Não podemos simplesmente copiar e pegar o chamado sistema democrático dos países ocidentais", acrescentou, depois de argumentar que, com as novas regras, elementos "anti-China" foram excluídos e a calma política foi restaurada.

Questionada sobre o elevado nível de abstenção, Lam evitou responder : "Não posso analisar. Talvez você tenha que consultar outros líderes de opinião".

Zhao Lijian, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, atribuiu o reduzido nível de participação à situação de sanitária, "os elementos anti-China que buscan destruir Hong Kong e a interferência de forças externas".

De acordo com as novas regras, todos os candidatos foram examinados para verificar seu patriotismo e lealdade política à China. Além disso, apenas 20 dos 90 assentos do do Conselho Legislativo (o "LegCo") serão eleitos diretamente.

A maioria das cadeiras (40) é definida por um comitê de 1.500 partidários de Pequim. As 30 restantes são eleitas por comitês pró-Pequim que representam organizações empresariais e outros setores.

- "Muito incômodo" -"A tensão entre as autoridades e a população ainda persistirá por muito tempo, pois os legisladores não são mediadores porque devem submeter-se à linha de Pequim", declarou à AFP Chung Kim-wah, do Instituto de Pesquisas sobre a Opinião Pública de Hong Kong.

A reduzida participação é "muito incômoda" para o governo, destacou Kenneth Chan, cientista político da Universidade Batista de Hong Kong. "A maioria dos eleitores que defende a democracia decidiu se abster, para expressar sua desaprovação", disse à AFP.

A eleição de domingo recebeu apoio aberto de Pequim, que vê o novo sistema como uma forma de eliminar os elementos "anti-China" e restaurar a ordem com uma legislatura livre de opositores perturbadores.

Os críticos respondem que a China autoritária praticamente baniu os partidos de oposição em uma cidade que se orgulhava da diversidade de seu cenário eleitoral.

Dezenas de figuras da oposição, incluindo algumas que conquistaram assentos legislativos em eleições anteriores, foram presas, desqualificadas ou fugiram para o exterior.

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