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Rússia descarta qualquer 'concessão' em negociações com EUA sobre Ucrânia

09/01/2022 13h53

Genebra, 9 Jan 2022 (AFP) - A Rússia descartou, neste domingo (9), qualquer "concessão" antes do início das negociações com Estados Unidos em Genebra sobre a Ucrânia, em um momento em que Moscou busca um acordo mais amplo sobre a segurança na Europa e o Ocidente pressiona para a retirada das tropas russas.

O vice-ministro das Relações Exteriores, Serguéi Riabkov, declarou antes do início do encontro em Genebra que o Kremlin está "decepcionado" com os sinais vindos tanto de Washington quanto de Bruxelas, onde está a sede da Otan.

"Não aceitaremos nenhuma concessão. Está totalmente descartado", afirmou às agências russas Riabkov, que faz parte da equipe negociadora.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse neste domingo que a Rússa terá que escolher entre o diálogo e o caminho do confronto.

"Há um caminho de diálogo e diplomacia para tentar resolver algumas dessas diferenças e evitar um confronto", disse Blinken ao programa "State of the Union" da rede CNN. "O outro caminho é o confronto e as consequências maciças para a Rússia se renovar sua agressão contra a Ucrânia", alertou.

O encontro de alto nível marca o início de uma maratona diplomática que vai durar toda a semana, durante o qual a Rússia se reunirá com a Otan e também com a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

Nesta série de reuniões, os Estados Unidos querem garantir aos seus aliados europeus que não ficarão de lado nas negociações.

As tensões aumentam cada vez mais desde que a Rússia começou a mobilizar dezenas de milhares de tropas na fronteira com a Ucrânia, em troca de garantias de que a Otan não continuará se expandindo para suas fronteiras.

Para Moscou, um dos temas-chave é que a Ucrânia nunca entre no pacto militar atlântico, ao qual Kiev quer se aderir.

Os Estados Unidos estarão representados pela subsecretária Wendy Sherman, mas Washington já alertou que muitas das propostas de Moscou são inadmissíveis.

O diálogo começa oficialmente na segunda-feira, mas Sherman terá um jantar de trabalho com Riabkov neste domingo, segundo o Departamento de Estado.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, rejeitou muitas das exigências de Moscou e alertou que será difícil o diálogo progredir enquanto a Rússia tiver "uma arma apontando para a cabeça da Ucrânia".

"Estamos dispostos a responder com força a uma nova agressão russa. Mas uma solução diplomática ainda é possível, e preferível, se a Rússia a escolher", disse Blinken na sexta-feira.

Em junho, o presidente russo Vladimir Putin se reuniu com o presidente americano Joe Biden em Genebra e ambos decidiram estabelecer um diálogo regular liderado por Sherman e Riabkov.

Em duas conversas telefônicas, Biden alertou Putin que se invadir a Ucrânia as consequências serão duras.

Entre as medidas consideradas há sanções contra o círculo mais próximo do presidente russo, o cancelamento do controverso gasoduto Nord Stream 2 para abastecer a Alemanha e, em um cenário mais drástico, um bloqueio dos vínculos da Rússia com o sistema financeiro.

Um alto funcionário americano, que pediu anonimato, alertou que se houver um ataque de Moscou, Washington enviará um maior contingente para os países da Otan junto à fronteira russa, como Polônia e os países Bálticos.

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