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Bombardeios russos acabam com a tranquilidade de Odessa

03/04/2022 11h57

Odesa, Ucrânia, 3 Abr 2022 (AFP) - Enormes colunas de fumaça cobrem o céu. Odessa acordou neste domingo (3) com um sobressalto, o do estrondo dos bombardeios russos contra a infraestrutura deste grande porto ucraniano no Mar Negro, até agora relativamente poupado dos combates.

Por volta das 06h00 da manhã (00h00 de Brasília), meia dúzia de explosões sacudiu a cidade, segundo moradores e jornalistas da AFP. Então uma fumaça preta cobriu uma parte do horizonte.

Várias colunas de fumaça e chamas surgem de uma zona industrial, cujo acesso foi fechado pela polícia e homens armados, mas de onde se percebem cisternas.

Do telhado de um prédio próximo ao local, onde roupas são vistas penduradas, Mykola, 22 anos, observa o incêndio em estado de choque.

"Acordamos com uma primeira explosão, depois vimos um relâmpago no céu, depois outro e mais outro. Perdi a conta", explica à AFP.

"Depois houve uma breve interrupção, e então novamente as janelas se iluminaram, e ouvimos um barulho, sem saber se passaria por cima ou se cairia sobre nós", acrescenta.

Outro vizinho, um jovem chamado Ilya, usando um boné e conduzindo um pit bull na coleira, mostra aos repórteres um projétil que caiu nas proximidades, segundo ele.

"As cisternas de gasolina começaram a queimar, fomos bombardeados. Foi realmente horrível e assustador!", diz. "Há crianças que vivem aqui, muitos idosos e não há abrigos antiaéreos", reclama Ilya, antes de conduzir um grupo de jornalistas ao telhado do prédio.

- Refinaria e depósitos de combustível -Mas depois de alguns minutos, policiais ucranianos em uniformes azuis invadem o telhado.

Eles pedem aos jornalistas que parem de tirar fotos e um deles repreende o jovem, manda amarrar o cachorro e lhe dá vários tapas e socos.

Os policiais amarram suas mãos atrás das costas com algemas de plástico e o obrigam a sair. Eles então lembram aos jornalistas que as autoridades ucranianas proibiram qualquer publicação sobre a localização ou danos dos bombardeios e os deixam ir.

"A região de Odessa é um dos alvos prioritários do inimigo. O inimigo continua sua pérfida prática de atingir infraestruturas sensíveis", disse um oficial do comando regional sul do exército ucraniano, Vladislav Nazarov, em comunicado.

Esses bombardeios não causaram baixas, assegurou.

O ministério da Defesa russo confirmou que o fogo de "mísseis terrestres e marítimos de alta precisão destruiu uma refinaria e três depósitos de combustível e lubrificantes perto da cidade de Odessa".

Segundo o ministério, essas instalações forneciam combustível às forças ucranianas em direção à cidade de Mykolaiv, mais a leste, onde o exército russo falha em seu avanço em direção a Odessa.

Até agora, esta cidade histórica esteve relativamente protegida dos combates ferozes no norte e leste do país.

Os bombardeios deste domingo são os primeiros em quase duas semanas. Após um breve interrogatório e verificação de sua documentação, os policiais acabam liberando Ilya.

sst/ahe/ia/es/eg/mr