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ELN anuncia cessar-fogo de dez dias por eleição presidencial na Colômbia

16/05/2022 11h54

Bogotá, 16 Mai 2022 (AFP) - A guerrilha colombiana do Exército de Libertação Nacional (ELN) anunciou, nesta segunda-feira (16), um cessar-fogo de dez dias para dar "tranquilidade" durante o primeiro turno da eleição presidencial do país, que acontece em 29 de maio.

"Decretamos um Cessar-Fogo Unilateral, a partir da 00h de 25 de maio até as 24h (sic) de 3 de junho, para que quem quiser votar faça isso com tranquilidade", disse a última guerrilha reconhecida do país, em um comunicado.

O ELN assegurou que a decisão responde ao seu interesse em gerar "um ambiente político melhor, antes de saber quem poderá ser o candidato vencedor" de uma campanha liderada nas urnas pelo ex-guerrilheiro Gustavo Petro.

A trégua "abrange as Forças Militares e de Polícia do Governo. Reservamo-nos o direito de nos defender, em caso de sermos atacados", acrescenta o boletim divulgado nos sites de propaganda rebelde.

O presidente da Colômbia, Iván Duque, que terminará seu mandato de quatro anos em agosto, interrompeu em 2019 as negociações de paz que mantinha com o ELN, após um ataque com explosivos a uma escola militar em Bogotá.

Crítico ferrenho do acordo que desarmou os guerrilheiros das então Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2017, o presidente conservador se nega a negociar com os rebeldes por sua recusa em cessar os ataques contra a população e as forças públicas.

O Executivo não comentou o anúncio do cessar-fogo.

As pesquisas preveem uma disputa de segundo turno, prevista para 19 de junho, entre Petro, que lutou contra o Estado até assinar a paz em 1990 e propõe negociar com grupos ilegais, e o direitista Federico Gutiérrez, promotor do combate frontal contra essas estruturas.

Para as eleições legislativas e primárias partidárias de 13 de março, o ELN também decretou uma pausa de seis dias em suas atividades.

Surgido em 1964 no calor da Revolução Cubana, o ELN opera, financiando-se, principalmente, com recursos oriundos do narcotráfico.

A organização conta com cerca de 2.500 combatentes e com uma extensa rede de apoio em áreas urbanas, especialmente na fronteira com a Venezuela e o Pacífico.

Principal exportador de cocaína do mundo, a Colômbia vive um intenso conflito que, em mais de meio século, opôs guerrilheiros, paramilitares, narcotraficantes e agentes do Estado. São mais de nove milhões de vítimas, a maioria deslocadas.

das/dga/tt/mr