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Rei emérito volta à Espanha após quase dois anos de exílio sob a sombra da corrupção

18/05/2022 19h09

Madri, 18 Mai 2022 (AFP) - O rei emérito Juan Carlos I voltará à Espanha na quinta-feira e encontrará na segunda seu filho, após passar quase dois anos nos Emirados Árabes Unidos, durante os quais foram arquivadas as investigações sobre sua fortuna, informou a Casa Real nesta quarta-feira (18).

Juan Carlos trasladou para a Casa Real "sua decisão de se deslocar para a Espanha a partir de amanhã dia 19 até a próxima segunda-feira, dia 23 de maio", informou o comunicado.

O texto diz que o monarca chegará à localidade galega de Sanxenxo (noroeste) e que na segunda viajará a Madri para encontrar sua esposa, Sofia, seu filho, Felipe VI, e sua família, antes de voltar para Abu Dhabi, onde se instalou em agosto de 2020.

Sanxenxo sedia neste fim de semana uma regata de vela da qual participa o barco que o ex-monarca costumava capitanear, o "Bribón".

"Esta visita se enquadra no desenho de Sua Majestade, o Rei Dom Juan Carlos, de se deslocar com frequência para a Espanha para visitar a família e amigos".

Seu retorno é motivo de polêmica, particularmente entre as forças políticas.

Embora o presidente do governo socialista, Pedro Sánchez, tenha mantido a discrição, seus aliados parlamentares se mostraram muito críticos.

Caso do parceiro minoritário da coalizão governista, o partido de extrema esquerda Podemos, cujo porta-voz, Pablo Echenique, disse que o ex-monarca "está rindo" dos espanhóis com seu retorno.

- Personagem-chave da história recente da Espanha -Personagem-chave da Espanha no século XX, Juan Carlos I, que abdicou em favor do filho em 2014, gozou por décadas de grande popularidade, ao liderar o país para a democracia após a morte do ditador Francisco Franco, em 1975, e frear um golpe de Estado, até que os escândalos o obrigaram a partir para o exílio.

Em março passado, anunciou a intenção de continuar morando em Abu Dhabi, depois que o Ministério Público arquivou as investigações judiciais das quais era alvo, embora se tenha dito disposto a "considerar" um retorno à Espanha, que por fim ocorrerá neste fim de semana.

O ex-monarca foi alvo de três investigações judiciais na Espanha, todas arquivadas, pois não permitiam "exercitar ação penal alguma", apontou a Procuradoria em 2 de março.

A mais importante das três investigações visava a determinar se tinha cobrado comissões pela atribuição a duas empresas espanholas de um contrato para a construção de um trem de alta velocidade entre Meca e Medina, na Arábia Saudita, em 2011.

Uma transferência em 2008 de 100 milhões de dólares por parte do rei saudita a uma conta suíça da qual Juan Carlos era beneficiário estava no centro desta primeira investigação.

Mas a procuradoria concluiu que se tratou "de um presente" recebido por Juan Carlos da monarquia saudita, o que poderia ter implicado um crime de "suborno", mas que em todo caso já prescreveu.

As outras investigações se referiam ao possível uso pelo rei emérito de cartões de crédito vinculadas a contas bancárias em nome de um empresário mexicano e um coronel da aeronáutica, enquanto a última buscava informação sobre um possível truste vinculado a Juan Carlos na ilha de Jersey, considerado paraíso fiscal.

al/pc/mvv