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Reino Unido confirma transmissão local da varíola do macaco

22/05/2022 14h43

Londres, 22 Mai 2022 (AFP) - O Reino Unido está registrando casos diários da varíola do macaco, os quais não têm relação com qualquer viagem à África Ocidental, onde a doença é endêmica - disse a assessora médica-chefe da Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês), Susan Hopkins, neste domingo (22).

"Estamos encontrando casos que não têm contato identificado com um indivíduo da África Ocidental, que é o que vimos anteriormente neste país", afirmou Susan.

"Estamos detectando mais casos diariamente", acrescentou a especialista, em entrevista à emissora BBC.

De acordo com a UKHSA, os novos números serão divulgados amanhã (23), após o boletim de sexta-feira (20), relatando a ocorrência de 20 casos.

A médica-chefe se negou a confirmar a informação de que uma pessoa estava em terapia intensiva, mas disse que o surto se concentra em áreas urbanas, entre homens homo, ou bissexuais.

"O risco para a população em geral continua sendo extremamente baixo neste momento, mas acho que as pessoas têm de estar alertas", completou Susan.

Segundo ela, para a maioria dos adultos, os sintomas seriam "relativamente leves".

O Reino Unido deu o alarme em 7 de maio, com uma pessoa que havia estado na Nigéria recentemente.

- Israel e Suíça confirmaram casos no sábado -Ontem (21), Israel e Suíça confirmaram suas primeiras infecções da varíola do macaco, depois que Estados Unidos e vários países europeus - entre eles, França, Alemanha, Suécia e Espanha - detectaram casos dessa doença endêmica nas Áfricas Central e Ocidental.

Em Israel, um porta-voz do hospital Ichilov de Tel Aviv declarou à AFP que um homem de 30 anos, que havia voltado recentemente da Europa Ocidental, está infectado.

Na sexta-feira (20), o Ministério da Saúde informou que o homem esteve em contato com uma pessoa doente no exterior. Ele apresenta sintomas leves.

No caso da Suíça, a pessoa infectada, que mora em Berna, também esteve em contato com o vírus no exterior, informou a direção de saúde deste cantão. No momento, a pessoa se encontra em isolamento domiciliar, e todos os seus contatos foram informados, acrescentaram as autoridades locais.

O presidente americano, Joe Biden, disse neste domingo que não foi totalmente informado pelas autoridades sanitárias sobre "o nível de exposição" nos Estados Unidos.

"Mas é algo que deveria preocupar todo o mundo", disse Biden à imprensa em Seoul. "É uma preocupação no sentido de que, caso se estenda, seria consequente", acrescentou.

Na Grécia, suspeita-se de que um turista britânico tenha contraído a doença, informou o organismo grego de saúde pública, acrescentando que o cidadão britânico foi transferido para um quarto de isolamento no hospital, junto com sua companheira, assintomática.

Análises de laboratório confirmarão na segunda-feira (23) se ele está, de fato, infectado com a doença.

- Alerta contra o preconceito -A varíola do macaco, ou "ortopoxvirosis simia", é uma doença rara, cujo patógeno pode ser transmitido do animal para o homem e vice-versa.

Seus sintomas são semelhantes, em menor escala, aos observados no passado em pacientes de varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas nos primeiros cinco dias. Em seguida, surgem erupções (no rosto, nas palmas das mãos e nas solas dos pés), lesões, pústulas e, finalmente, crostas.

Não existem tratamentos específicos, ou vacinas, contra a varíola do macaco, mas as crises podem ser contidas, explica a Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença geralmente se cura por conta própria, com sintomas que duram de 14 a 21 dias.

A transmissão de pessoa a pessoa ocorre através de contato próximo com secreções infectadas das vias respiratórias, lesões cutâneas de uma pessoa infectada, ou de objetos contaminados recentemente com fluidos biológicos, ou com materiais procedentes das lesões de um paciente.

A maioria dos casos registrados nos últimos dias ocorreu em homens que mantêm relações sexuais com outros homens, informou a OMS na sexta-feira.

Nesse sentido, a UNAIDS advertiu neste domingo que a carga homofóbica e racista de alguns comentários sobre a varíola pode "minar, rapidamente, a luta contra a epidemia".

"Esses estigmas e censuras minam a confiança e a capacidade de se responder, de forma efetiva, a epidemias como essa", disse Matthew Kavanagh, vice-diretor deste programa da ONU, cuja avaliação tem como base a longa experiência desta instituição com a aids.

Estes ataques racistas, ou homofóbicos, "criam um ciclo de medo que leva as pessoas a evitarem os estabelecimentos de saúde, o que limita o alcance dos esforços para identificar casos de infeção", explicou.

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