Greves e mobilização sindical na Europa contra aumento do custo de vida
Sindicatos em ao menos quatro países europeus realizam greves nesta quarta e quinta-feira, exigindo melhores salários para enfrentar a queda do poder aquisitivo devido à forte inflação.
As atividades sofriam grandes paralisações nesta quarta-feira na Bélgica e na Grécia e na quinta-feira estão previstos transtornos na França e no Reino Unido, onde os enfermeiros também votaram pela primeira vez em mais de um século a favor de uma greve ainda sem data.
Toda a região enfrenta um aumento exponencial dos custos de energia no momento em que se aproxima o inverno (hemisfério norte) e convive com uma inflação persistente de 10%, em um quadro explosivo que gera impaciência e preocupação na população.
Assim, as centrais sindicais que convocam essas medidas de força coincidem em afirmar que os salários atualmente não permitem enfrentar o aumento do custo de vida.
Nesta quarta-feira, os sindicatos belgas convocaram uma greve nacional para proteger o poder aquisitivo dos salários, com suspensão do serviço ferroviário e os supermercados fechados.
No principal aeroporto da capital, Bruxelas-Zaventem, 60% dos voos previstos foram cancelados por falta de pessoal nas plataformas operacionais.
Enquanto isso, o aeroporto de Charleroi (principal núcleo da companhia Ryanair no continente europeu) permaneceu fechado, com todas as suas decolagens canceladas.
A greve nacional foi convocada pela maior confederação sindical do país, a Federação Geral do Trabalho da Bélgica (FGTB, socialista), com o apoio da Confederação dos Sindicatos Cristãos (CSC).
François Reman, porta-voz da CSC, declarou que os sindicatos exigem "poder negociar aumentos salariais quando for possível".
Em Bruxelas, apenas 25% do serviço ferroviário estava funcionando na quarta-feira.
- Reivindicações na Grécia -
A Grécia também se movimentava em câmera lenta nesta quarta-feira, após um protesto nacional contra o aumento dos preços ao consumidor.
Pela manhã, Atenas, uma cidade onde o trânsito costuma ser intenso, parecia um lugar abandonado, com a suspensão total do serviço de ônibus, bondes, metrôs, trens e táxis.
As conexões marítimas entre a Grécia continental e as ilhas dos mares Egeu e Jônico também foram suspensas, pois o sindicato que opera essas linhas também aderiu à greve.
Convocadas pela Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE), cerca de 20.000 pessoas se reuniram na capital para protestar contra o efeito dramático que essas crises combinadas têm sobre os salários.
De acordo com a polícia grega, os agentes dispersaram protestos em Atenas, onde os manifestantes jogaram tinta vermelha contra o Banco Central, e em Salônica.
"O aumento do custo de vida é insuportável", denunciou o GSEE, que também pediu "aumento de salários e proteção social para todos".
O governo grego anunciou que preparou um plano de ajuda para que a população possa enfrentar as altas tarifas de energia, mas os sindicatos afirmam que é apenas uma medida pré-eleitoral, oito meses antes das eleições gerais.
- Insatisfação geral -
Simultaneamente, no Reino Unido, o Royal College of Nursing (RNC), que representa quase meio milhão de enfermeiros, anunciou a aprovação da primeira greve nacional em seus 106 anos de história. O movimento ainda não tem data para começar.
Outros trabalhadores ligados à área da saúde pública - como equipes de ambulâncias ou porteiros hospitalares e até pessoal de limpeza - também participam de uma consulta do RNC que pode levar a uma paralisação.
O governo britânico afirmou que tem planos de emergência em caso de uma greve de paramédicos, mas o anúncio não acalmou os temores sobre o impacto da greve em um setor que ainda luta para se recuperar do caos causado pela pandemia de covid-19.
Na França, centrais sindicais convocaram para quinta-feira uma greve nacional de um dia que deve paralisar o transporte na capital, Paris, em protesto contra o aumento dos preços.
A princípio, sete linhas do metrô terão o serviço interrompido e outras sete funcionarão apenas no horário de pico. Apenas duas linhas automatizadas - que não utilizam condutores - funcionarão normalmente.
Esta greve, planejada planejada há muito tempo, está sendo combinada com um apelo à mobilização nacional pelo mais influente dos sindicatos, a Confederação Geral do Trabalho (CGT).
Esse núcleo sindical pede um aumento do salário mínimo e a indexação dos salários à inflação.
Na Espanha, a Plataforma em Defesa do Transporte, um grupo de autônomos e pequenas empresas de transporte de mercadorias, pediu a paralisação das atividades para a próxima segunda-feira. Este setor havia encenado uma dura greve de 20 dias em março.
bur-ahg/mar/ap
© Agence France-Presse
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