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De 'inimigo do estado' a superministro: os candidatos a presidente da Argentina

Principais candidatos à presidência da Argentina: Javier Milei, Patricia Bullrich e Sergio Massa Imagem: Arte UOL / AGUSTIN MARCARIAN / REUTERS / JUAN MABROMATA /AFP

20/10/2023 15h34Atualizada em 20/10/2023 15h34

A Argentina escolhe seu novo presidente, neste domingo (22), com opções que vão de Javier Milei, um libertário antissistema que bagunçou o tabuleiro político e cultural, ao atual ministro da Economia, Sergio Massa, responsabilizado, por muitos, pela inflação galopante e chegando a Patricia Bullrich, uma ex-ministra da Segurança, de direita, que promete linha-dura.

Para ser eleito, o vencedor precisa 45% dos votos, ou 40%, com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo candidato mais votado. Caso contrário, os dois primeiros irão para o segundo turno, previsto para 19 de novembro.

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Milei, o inimigo do Estado

Economista de extrema direita e libertário, Milei trabalhou no setor privado até dois anos atrás. Tornou-se conhecido pela primeira vez na televisão e depois viralizou nas redes sociais, onde conquistou os jovens com um discurso "antiwoke" inovador e disruptivo.

A cabeleira farta e desgrenhada e sua retórica provocadora contra "a casta" do "establishment" político completam o personagem que abala o "status quo".

Javier Milei, candidato a presidente da Argentina Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian

Milei promete dolarizar a economia, proibir o aborto, permitir o porte de armas, reduzir drasticamente os impostos e também os gastos públicos. Fez campanha segurando uma motosserra para simbolizar os cortes orçamentários que planeja fazer.

São frequentes as comparações com os ex-presidentes Donald Trump, dos EUA, e Jair Bolsonaro, embora nenhum deles tenha ido tão longe a ponto de propor "dinamitar" o Banco Central.

Para Milei, a instituição é "um mecanismo, pelo qual os políticos fraudam os argentinos".

Após ser eleito deputado em 2021, Milei rifou seu salário, em um gesto de desprezo para com o que considera "regalias" dos políticos. Publicou vários livros, mas foi acusado de plagiar parágrafos inteiros.

De 52 anos, solteiro e sem filhos, seu amor pelos mastins ingleses é tema das conversas dos argentinos. Milei considerava seu falecido cachorro Conan como um filho, e a dor de sua perda levou-o a cloná-lo nos Estados Unidos, de onde lhe enviaram cinco cães. Eles e sua irmã Karina são, como ele mesmo diz, seu círculo afetivo mais imediato.

Massa, a oferta de unidade

Como ministro da Economia desde 2022, Sergio Massa luta contra uma inflação anualizada de quase 140%, a perda do valor da moeda e o aumento da pobreza (40%). Por essa crise, culpa a dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional) contraída pelo governo anterior, assim como a pandemia da covid-19 e a seca.

Sergio Massa, superministro das Finanças da Argentina Imagem: LUIS ROBAYO/AFP

Mas sua candidatura "se deteriora ao ritmo da economia", disse à AFP Juan Negri, cientista político da Universidade Torcuato di Tella.

Sempre aberto ao diálogo, calmo e sorridente, esse advogado de 51 anos aposta, no entanto, em seus mais de 30 anos de carreira política. Baseou sua campanha em uma promessa de unidade, em contraste com a disrupção inflamada representada por Milei.

Por isso, sua candidatura representa para eleitores, como o estudante Valentín Figarra, de 20 anos, uma garantia de estabilidade, na centro-esquerda: "Quando o peronismo governa aqui na Argentina, a rua fica tranquila (...) Os sindicatos fazem parte deste governo, então há algo como uma certa convivência".

Ele concorre como candidato da Unión por la Patria, aliança de vários setores do peronismo, incluindo o de Cristina Kirchner, a vice-presidente. Ela e o presidente Alberto Fernández estiveram visivelmente ausentes da campanha presidencial.

Massa fez e quebrou alianças políticas. Em 2013, criou a Frente Renovadora, um partido de centro como alternativa a Kirchner, a quem acompanhou como chefe de gabinete entre 2008 e 2009.

Filho de imigrantes italianos, cresceu na periferia de Buenos Aires. É casado e tem dois filhos.

Patricia Bullrich, a linha dura

A candidata da coalizão da oposição Juntos por el Cambio, de direita, apresenta-se como a linha-dura para um país em crise.

"É tudo, ou nada", diz em suas mensagens da campanha.

Patricia Bullrich, candidata à Presidência na Argentina Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian

Politizada desde a adolescência, Bullrich integrou a Juventude Peronista nos turbulentos anos 1970, durante o auge da atividade guerrilheira dos Montoneros.

Milei usou essa informação, recentemente, para acusá-la de ter colocado "bombas em jardins de infância", comentário que levou a candidata a denunciá-lo criminalmente por calúnia.

A história de sua família se entrelaça com a da Argentina. Seu bisavô Honorio Pueyrredón foi um importante líder radical (social-democrata), e os Bullrichs tiveram a mais importante casa de leilões de gado em Buenos Aires no século XIX. Seu cunhado Rodolfo Galimberti foi um importante líder dos Montoneros.

Foi ministra da Segurança no governo Macri (2015-2019), e ministra do Trabalho, na gestão Fernando de la Rúa (1999-2001). Presidente do PRO e de licença pela campanha eleitoral, cultivou uma imagem de mulher determinada e intransigente.

Tem um filho e hoje é casada com o advogado Guillermo Yanco.

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