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Chefes da diplomacia da França e da Alemanha encontram novo líder sírio

Annalena Baerbock, Jean-Noel Barrot e Ahmed al Sharaa Imagem: AFP

03/01/2025 12h27

Os chefes da diplomacia francesa e alemã se reuniram, nesta sexta-feira (3), com o novo líder sírio em Damasco. Esta foi a primeira reunião deste nível entre altos funcionários das principais potências ocidentais e Ahmad al Sharaa, que assumiu o poder em 8 de dezembro, após a queda do governo de Bashar al Assad. Os ministros europeus insistiram na necessidade de uma transição pacífica e inclusiva.

Os ministros das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, e da Alemanha, Annalena Baerbock, cuja viagem ocorre sob mandato da União Europeia (UE), reuniram-se com o líder de fato da Síria no palácio presidencial, onde Assad recebia os seus convidados.

Os primeiros passos de Sharaa, líder do grupo islamista Hayat Tahrir al Sham (HTS), à frente da coalizão rebelde que derrubou o governo Assad, são observados com extrema atenção pela comunidade internacional.

"Juntas, França e Alemanha estão ao lado do povo sírio, em toda a sua diversidade", escreveu o ministro francês das Relações Exteriores na rede X. Ambos os países querem "promover uma transição pacífica e exigente a serviço dos sírios e da estabilidade regional", acrescentou.

"A minha viagem de hoje, junto com o meu homólogo francês e em nome da União Europeia, é um sinal claro para os sírios: um novo começo político entre Europa e Síria, entre Alemanha e Síria, é possível", declarou Baerbock. "Com esta mão estendida, mas também com claras expectativas depositadas nos novos líderes, viajamos hoje para Damasco", acrescentou. "Queremos apoiá-los neste âmbito: em uma transferência de poder inclusiva e pacífica, na reconciliação da sociedade, na reconstrução", disse a ministra. "Continuaremos julgando o HTS pelas suas ações", concluiu, "apesar do nosso ceticismo".

Barrot e Baerbock também visitaram a prisão de Saidnaya, símbolo da repressão de Bashar al-Assad, que governou a Síria com mão de ferro durante mais de duas décadas. Os ministros, acompanhados por membros da Defesa Civil síria, foram até celas e masmorras subterrâneas onde as condições de detenção eram desumanas e onde muitos prisioneiros morreram torturados.

Segundo a Associação de Presos e Desaparecidos da Prisão de Saidnaya (ADMSP), mais de 4.000 pessoas foram libertadas em dezembro, no momento em que os rebeldes tomaram Damasco, após uma ofensiva impressionante.

Fim das sanções em breve?

Confrontado com o desafio de unificar o país, Ahmad al Sharaa se comprometeu a dissolver as facções armadas, incluindo o HTS, e anunciou sua intenção de convocar um diálogo nacional, sem especificar a data ou quem seria convidado, observando que pode levar quatro anos para organizar eleições no país.

Sharaa pede o fim das sanções internacionais impostas ao governo de Bashar al-Assad após a repressão sangrenta de uma revolta popular em 2011, que mais tarde se transformou em uma guerra com mais de meio milhão de mortos e milhões de refugiados. Seu grupo, o HTS, antigo braço sírio da Al-Qaeda, afirma ter rompido com o jihadismo, mas continua classificado como terrorista por várias potências ocidentais, incluindo os Estados Unidos.

Da sede da embaixada francesa em Damasco, Jean-Noël Barrot expressou sua esperança de ver "uma Síria soberana, estável e pacífica", observando que é "uma esperança real, mas é uma esperança frágil".

"Nas próximas semanas, dependendo da evolução das condições de segurança, organizaremos progressivamente o restabelecimento das modalidades da presença francesa em Damasco", anunciou.

Líderes de vários países árabes e ocidentais estiveram em Damasco desde a queda de Assad, quebrando o isolamento imposto à Síria desde 2011. A República Tcheca, que atua como uma potência protetora dos interesses americanos na Síria, reabriu sua embaixada na capital, disse na quinta-feira seu chanceler, Jan Lipavsky.

O novo governo sírio deu uma clara guinada na política do país, cujos principais aliados eram Rússia e Irã, aproximando-se especialmente da Turquia e do Catar, e tentando abrir-se para o Ocidente.

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