Reino Unido reafirma apoio à Guiana em disputa com Venezuela
O chefe da diplomacia do Reino Unido nas Américas, David Rutley, reafirmou, nesta segunda-feira (18), o apoio do governo britânico à Guiana na disputa territorial com a Venezuela, em uma reunião a portas fechadas em Georgetown com o presidente guianês Irfaan Ali.
"O Reino Unido apoia a Guiana", publicou Rutley, vice-secretário de Estado britânico para as Américas e o Caribe, na rede social X, em uma mensagem acompanhada de uma foto de um aperto de mãos com Ali.
"Hoje, em Georgetown, reiterei nosso firme apoio à integridade territorial, soberania e paz regional da Guiana", disse, sem mencionar expressamente a Venezuela.
Na quinta-feira, Ali se reuniu em São Vicente e Granadinas com seu par da Venezuela, Nicolás Maduro, em um tête-à-tête no qual ambos os governos se comprometeram a "não ameaçar nem utilizar a força em nenhuma circunstância", segundo uma declaração conjunta.
Esse encontro aconteceu devido ao aumento da tensão pela região de Essequibo, um território de 160.000 km² rico em petróleo e recursos naturais que a Guiana administra e é reivindicado pela Venezuela.
As conversas desta segunda entre Ali e Rutley "se concentraram na continuidade e no aprofundamento das relações entre Reino Unido e Guiana, especialmente em áreas de segurança e desenvolvimento econômico sustentável", de acordo com uma declaração do gabinete do governante guianês, que tampouco fez menção à Venezuela.
O governo Maduro reagiu de forma dura.
"O ex-império, invasor e escravista, que ocupou ilegalmente o território da Guiana-Essequiba e atuou de forma tortuosa e rastejante contra os interesses da Venezuela, insiste em intervir em uma controvérsia territorial que eles mesmos criaram. Esta controvérsia será resolvida de maneira direta entre as partes", publicou no X o chanceler venezuelano Yván Gil, que classificou Rutley de "filibusteiro".
No dia 3 de dezembro, a Venezuela aprovou em um referendo a criação de uma província venezuelana no Essequibo e a concessão de nacionalidade venezuelana a seus habitantes.
A Guiana levou o caso ao Conselho de Segurança da ONU e anunciou contatos com "parceiros" como Estados Unidos e Reino Unido.
A Venezuela sustenta que o Essequibo faz parte de seu território, como em 1777, quando era colônia da Espanha, e recorre ao acordo de Genebra, firmado em 1966 antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabelecia as bases para uma solução negociada e anulava um laudo arbitral de 1899.
A Guiana, em contrapartida, defende o laudo arbitral e quer que este seja ratificado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição sobre essa questão não é reconhecida por Caracas.
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© Agence France-Presse
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