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Dois russos são presos por poema crítico à invasão na Ucrânia

Os poetas russos Artyom Kamardin (E) e Yegor Shtovba (D) durante o anúncio do veredicto em um tribunal em Moscou em 28 de dezembro de 2023 Imagem: ALEXANDER NEMENOV/AFP

28/12/2023 10h44Atualizada em 28/12/2023 11h25

Dois poetas russos que participaram de uma leitura contra o conflito na Ucrânia foram condenados nesta quinta-feira (28), por um tribunal de Moscou, a penas de entre cinco anos e meio e sete de prisão.

Milhares de russos, opositores ou simples cidadãos, foram condenados pelos tribunais por criticarem a ofensiva na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022 - com penas às vezes especialmente severas.

Segundo um jornalista da AFP presente na audiência, os apoiadores de Artiom Kagardin, de 33 anos, e Yegor Shtovba, 23, gritaram "que vergonha" ao anúncio da decisão.

"É de uma arbitrariedade absoluta", exclamou Yuri, pai de Artiom Kamardin.

Após o julgamento, outras pessoas foram detidas pela polícia em frente ao tribunal, indicou a ONG OVD-Info.

Artiom Kamardin e Yegor Shtovba foram presos em setembro de 2022, em Moscou, após participarem de uma leitura pública perto do monumento do poeta Vladimir Maiakovski, ponto de encontro de dissidentes desde a época soviética.

Na leitura, Kagardin recitou o poema "Mate-me, miliciano", bastante hostil aos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.

No dia seguinte, ele foi detido durante uma apreensão em sua casa, na qual afirma ter sido espancado e estuprado pela polícia com um aparelho de levantamento de peso.

Os dois poetas foram acusados de "incitação ao ódio" em primeiro momento, e também de "convocação pública para a realização de atividades contra a segurança do Estado".

"Não sou um herói, e ir para a prisão pelo que penso nunca fez parte dos meus planos", disse Kamardin em sua declaração final perante o tribunal, publicano no Telegram por seus apoiadores.

Sua esposa, Alexandra Popova, disse à AFP que estava indignada com a sentença "tão severa" imposta ao marido. "Sete anos por um poema, um crime não violento...", defendeu.

Shtovba, condenado a cinco anos e meio, insistiu durante o julgamento que não infringiu a lei.

Um terceiro poeta, Nikolai Daineko, detido ao mesmo tempo que os dois primeiros, foi condenado em maio a quatro anos de prisão, segundo o OVD-info.

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