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Linguagem de Trump acende alertas sobre possível novo mandato

16/01/2024 12h22

Sempre propenso a invectivas e explosões, Donald Trump tem adotado uma retórica cada vez mais violenta há vários meses, deixando entrever como pode vir a ser um novo mandato republicano, caso ele vença.

O ex-presidente, que venceu as primárias republicanas em Iowa na segunda-feira (15), não esconde: é movido por um espírito de vingança e, se voltar para a Casa Branca, atacará seus críticos.

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"Em 2016 declarei: sou sua voz. Hoje acrescento: sou seu guerreiro, sou sua justiça", disse Trump em março passado. 

"E, para aqueles que foram injustiçados e traídos, eu sou sua revanche", disse Trump, que ainda insiste, sem apresentar provas e fundamentos, em que a eleição de 2020 perdida para Joe Biden foi-lhe roubada. 

Alguns meses depois, foi mais específico. 

"Nomearei um verdadeiro procurador especial para perseguir o presidente mais corrupto da história dos Estados Unidos da América, Joe Biden, e toda a criminosa família Biden", disse Trump em junho. 

"Aniquilarei totalmente o Estado profundo, e sabemos quem eles são", declarou Trump, referindo-se ao que muitos conservadores consideram uma conspiração de autoridades de esquerda que supostamente controlam o poder nos bastidores. 

- "Vermes" -

Seus opositores pedem que seja mais cuidadoso com as palavras e lembram que o primeiro mandato de Trump terminou com uma invasão ao Capitólio por parte de centenas de seus partidários que tentavam impedir o Congresso de validar a vitória do democrata Joe Biden. 

O ex-presidente descreve como "reféns" as pessoas presas após o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Congresso americano e diz que pretende perdoar "muitos" deles. 

Em dezembro de 2022, afirmou que a fraude que, segundo ele, teria ocorrido nas eleições de 2020 "permite pôr fim a todas as normas, regulamentos e artigos, incluindo os que se encontram na Constituição".

Este comentário causou grande preocupação nos Estados Unidos em meio ao temor de que Trump pudesse suspender a Constituição que os presidentes americanos se comprometem a respeitar. 

"Prometemos a vocês que erradicaremos os comunistas, marxistas, fascistas e bandidos da esquerda radical que vivem como vermes dentro dos limites do nosso país e que mentem, roubam e trapaceiam nas eleições", anunciou Trump em novembro. 

O governo Biden observou que o uso do termo "verme" lembrava a forma como fascistas como Hitler e Benito Mussolini falavam de seus adversários. Mas um dos porta-vozes de Trump chamou isso de "ridículo". 

- Migrantes -

Os migrantes são um dos seus alvos favoritos. Donald Trump também endureceu a linguagem sobre eles e acusou-os de "envenenar o sangue" do país - comentários pelos quais Biden acusou-o de usar a retórica da "Alemanha nazista".

O magnata garantiu ainda que, no primeiro dia de seu novo mandato, assinará um decreto para cancelar o direito à cidadania por nascimento em território americano, do qual se beneficiam os filhos de migrantes em situação irregular. 

Também advertiu que fará "a maior operação interna de expulsão" de migrantes da história dos Estados Unidos e se comprometeu a restabelecer seu polêmico decreto migratório contra os países muçulmanos. 

No início de seu mandato, em 2017, proibiu a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Irã, Líbia, Somália, Síria, Iêmen e, inicialmente, também Iraque e Sudão). 

"Manteremos os terroristas islâmicos radicais fora do nosso país", disse Trump. 

Sobre a economia, o presidente disse que considera impor uma tarifa de 10% sobre quase todas as importações para os Estados Unidos e eliminar o "status" de nação mais favorecida concedido à China. 

Trump afirma que pretende acabar com a guerra na Ucrânia "dentro de 24 horas", sem especificar como. 

Seus correligionários no Congresso se opõem a que Washington continue fornecendo ajuda militar para a Ucrânia, de forma indefinida e sem condições, para enfrentar a invasão russa. 

Durante seu primeiro mandato, Trump criticou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por se aproveitar da generosidade americana. Ao ser questionado sobre se se envolveria com a Aliança Atlântica em um segundo mandato, respondeu: "Depende de se vão nos tratar adequadamente".

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© Agence France-Presse

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