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9 meses

Colômbia e ex-número dois das Farc anunciam novas negociações de paz

Gustavo Petro, presidente da Colômbia Imagem: REUTERS/Nadja Wohlleben

09/02/2024 15h32

O governo da Colômbia e o ex-número dois da ex-guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) Iván Márquez, que retomou as armas após assinar o acordo de paz em 2016, vão iniciar novas negociações, conforme documento oficial divulgado nesta sexta-feira (9).

Com cerca de 1.663 combatentes, segundo a Inteligência militar e considerada a ala dura das dissidências, a Segunda Marquetalia permaneceu até agora fora das negociações que o presidente Gustavo Petro mantém com a maioria das organizações armadas do país.

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O texto de 11 pontos assinado pelas partes anunciou o início de "um processo de diálogos sociopolíticos para conduzir à assinatura de um acordo de paz entre o Governo da Colômbia e a organização rebelde armada Segunda Marquetalia", criada por Márquez em 2019 após voltar à clandestinidade.

Petro e os rebeldes também se comprometeram a "desenvolver imediatamente acordos prévios para a desescalada do conflito".

Primeiro presidente de esquerda da Colômbia, Petro aposta no fim, por meio do diálogo, de seis décadas de guerra interna e de violência, após o histórico acordo de paz que, há sete anos, desarmou o grosso das Farc.

Delegados da Petro também mantêm conversas com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) em Cuba, onde na terça-feira concordaram em prorrogar por seis meses um cessar-fogo bilateral em vigor desde 3 de agosto.

No entanto, apesar disso, nesta sexta-feira, os rebeldes guevaristas do ELN anunciaram um "bloqueio armado por tempo indeterminado" em uma área empobrecida do noroeste do país, no departamento de Chocó, de maioria negra, a partir de 10 de fevereiro. O ELN tem um comando central, mas seus líderes são autônomos no campo militar, o que dificulta seu desarmamento.

No caso das conversas com o Estado-Maior Central (EMC), a maior dissidência das Farc, as partes se reúnem desde outubro na Colômbia sob um cessar-fogo acordado até julho.

- "Bons ofícios" -

O retorno de Iván Márquez às armas em 2019 foi um dos golpes mais fortes no processo de paz que reintegrou à vida civil cerca de milhares de combatentes dessa que já foi a maior guerrilha das Américas. A maioria deles se manteve no acordo.

Márquez, que havia sido negociador em Havana, apareceu, então, vestindo roupa camuflada e armado com um fuzil em um vídeo, no qual anunciava uma nova rebelião.

O início desse novo processo de paz e do "bloqueio armado" ocorrem no âmbito de uma visita oficial de representantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas à Colômbia para apoiar a implementação do acordo de 2016 e as novas tentativas do governo para desativar o conflito.

Luciano Marín, nome de registro de Márquez, é um rebelde linha-dura de 69 anos.

Ex-religioso e professor, o guerrilheiro foi vítima de um ataque na Venezuela em 2022, segundo a imprensa.

Em julho passado, jornais locais especularam sobre sua morte, mas o então comissário de paz Danilo Rueda negou.

Estudos independentes indicam que a Segunda Marquetalia mantém um confronto com outros rebeldes das antigas Farc pelas rotas do narcotráfico.

- Cético em relação à paz -

O documento sobre as novas negociações não dá detalhes sobre datas, nem onde ocorrerão os diálogos.

No texto, as partes pedem os "bons ofícios" de Venezuela, Noruega, Cuba, ONU e Conferência Episcopal Colombiana, que, em outras ocasiões, foram fiadores dos processos de paz no país.

O projeto de "Paz Total" de Petro avança com alguns altos e baixos. Até agora, sua maior conquista foi o compromisso dos rebeldes a abandonarem a prática de extorsão mediante sequestro.

Negociador-chefe dos insurgentes com o governo de Juan Manuel Santos (2010-2018), Márquez ingressou na Frente 14 e, após nove anos como combatente, foi nomeado membro do Secretariado, órgão dirigente das Farc.

Foi porta-voz nos fracassados diálogos de paz em Caracas, na Venezuela, e em Tlaxcala, no México, em 1992, e chefe do Bloco Caribenho, em 2003.

Em 2011, seu nome foi considerado para ser o comandante máximo da guerrilha após a morte de "Alfonso Cano" em uma operação militar. A posição acabou sendo ocupada por Rodrigo Londoño, conhecido como "Timochenko".

Márquez tem dezenas de mandados de prisão contra ele na Colômbia e nos Estados Unidos por crimes como tráfico de drogas e centenas de assassinatos. Como negociador do acordo de paz, sempre foi um dos mais céticos e de linha militarista.

A Colômbia é o maior produtor de cocaína do mundo e vive um conflito armado que em mais de 50 anos já deixou 9,5 milhões de vítimas, a maioria deslocados.

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