'Década mais perigosa': guerras e golpes colocam mundo à beira de crise militar
A guerra entre Israel e Hamas, o conflito na Ucrânia e as tensões crescentes entre China e Irã preveem "uma década mais perigosa" no mundo, alertou nesta terça-feira (13) o instituto especializado em defesa IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos).
A edição de 2024 do balanço militar do IISS, sediado em Londres, observa que o mundo entrou em um "ambiente de segurança altamente volátil" no ano passado.
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A organização acredita que a situação de instabilidade continuará e cita também a vitória do Azerbaijão contra os separatistas armênios em Nagorno-Karabakh ou os golpes de Estado no Níger e no Gabão.
"A atual situação de segurança militar pressagia o que provavelmente será uma década mais perigosa, caracterizada pelo recurso acentuado por parte de alguns à força militar para fazer valer suas exigências", afirma o documento.
Soma-se a isto "o desejo entre as democracias que compartilham os mesmos valores de reforçar os laços bilaterais e multilaterais em questão de defesa, como resposta a esta situação".
Conflito na Ucrânia
No caso do conflito na Ucrânia, quase dois anos após sua conflagração, o IISS prevê que o Exército russo perdeu cerca de 3.000 carros de combate, o mesmo número que dispunha em fevereiro de 2022.
Segundo o estudo, a Rússia compensou suas perdas recorrendo ao seu contingente de veículos que não estavam em serviço naquele momento, sendo forçada a privilegiar a quantidade em detrimento da qualidade.
Por outro lado, a Ucrânia tem conseguido reparar suas perdas em equipamento militar graças à ajuda ocidental, ganhando em qualidade.
Segundo o relatório, o Exército ucraniano demonstrou "engenhosidade", sobretudo no Mar Negro, com o uso de drones marinhos.
Aumento de gastos militares
Ao todo, os gastos militares no mundo aumentaram 9% no ano passado, chegando aos US$ 2,2 trilhões (quase R$ 11 trilhões na cotação da época), um valor sem precedentes, de acordo com o IISS, e que espera novo aumento em 2024.
A organização explica que este fenômeno se deu, principalmente, devido à guerra na Ucrânia e às tensões em torno da China.
O relatório foi publicado no momento em que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump levantou a possibilidade de parar de defender os países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que não pagassem suas dívidas.
De acordo com o IISS, apenas 10 dos 31 países-membros desta aliança atlântica estão cumprindo o objetivo de dedicar 2% do Produto Interno Bruto (PIB) ao gastos militares, embora 19 o tenham aumentado.
O relatório também observa que Rússia e China dedicam agora mais de 30% de seus gastos públicos ao setor militar, enquanto o Ocidente está aumentando "lentamente" a sua produção de mísseis e munições, após anos de investimentos insuficientes.
China e Irã
O documento afirma que a China continua a política de modernização de suas forças estratégicas e de transformação do seu Exército em uma "força de projeção" capaz de intervir longe das suas fronteiras.
O IISS sinaliza ainda que o Irã está cada vez mais presente em diversas áreas de conflito, como demonstra o envio de mísseis aos rebeldes huthis iemenitas, cujos ataques no Mar Vermelho estão afetando o comércio mundial, bem como o fornecimento de drones à Rússia nos combates contra a Ucrânia.