Topo

'Década mais perigosa': guerras e golpes colocam mundo à beira de crise militar

Lançamento de míssil balístico, em foto divulgada pela Coreia do Norte em dezembro do ano passado Imagem: KCNA VIA KNS / AFP

A guerra entre Israel e Hamas, o conflito na Ucrânia e as tensões crescentes entre China e Irã preveem "uma década mais perigosa" no mundo, alertou nesta terça-feira (13) o instituto especializado em defesa IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos).

A edição de 2024 do balanço militar do IISS, sediado em Londres, observa que o mundo entrou em um "ambiente de segurança altamente volátil" no ano passado.

Relacionadas

A organização acredita que a situação de instabilidade continuará e cita também a vitória do Azerbaijão contra os separatistas armênios em Nagorno-Karabakh ou os golpes de Estado no Níger e no Gabão.

"A atual situação de segurança militar pressagia o que provavelmente será uma década mais perigosa, caracterizada pelo recurso acentuado por parte de alguns à força militar para fazer valer suas exigências", afirma o documento.

Soma-se a isto "o desejo entre as democracias que compartilham os mesmos valores de reforçar os laços bilaterais e multilaterais em questão de defesa, como resposta a esta situação".

Conflito na Ucrânia

No caso do conflito na Ucrânia, quase dois anos após sua conflagração, o IISS prevê que o Exército russo perdeu cerca de 3.000 carros de combate, o mesmo número que dispunha em fevereiro de 2022.

Segundo o estudo, a Rússia compensou suas perdas recorrendo ao seu contingente de veículos que não estavam em serviço naquele momento, sendo forçada a privilegiar a quantidade em detrimento da qualidade.

Por outro lado, a Ucrânia tem conseguido reparar suas perdas em equipamento militar graças à ajuda ocidental, ganhando em qualidade.

Segundo o relatório, o Exército ucraniano demonstrou "engenhosidade", sobretudo no Mar Negro, com o uso de drones marinhos.

Aumento de gastos militares

Ao todo, os gastos militares no mundo aumentaram 9% no ano passado, chegando aos US$ 2,2 trilhões (quase R$ 11 trilhões na cotação da época), um valor sem precedentes, de acordo com o IISS, e que espera novo aumento em 2024.

A organização explica que este fenômeno se deu, principalmente, devido à guerra na Ucrânia e às tensões em torno da China.

O relatório foi publicado no momento em que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump levantou a possibilidade de parar de defender os países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que não pagassem suas dívidas.

De acordo com o IISS, apenas 10 dos 31 países-membros desta aliança atlântica estão cumprindo o objetivo de dedicar 2% do Produto Interno Bruto (PIB) ao gastos militares, embora 19 o tenham aumentado.

O relatório também observa que Rússia e China dedicam agora mais de 30% de seus gastos públicos ao setor militar, enquanto o Ocidente está aumentando "lentamente" a sua produção de mísseis e munições, após anos de investimentos insuficientes.

China e Irã

O documento afirma que a China continua a política de modernização de suas forças estratégicas e de transformação do seu Exército em uma "força de projeção" capaz de intervir longe das suas fronteiras.

O IISS sinaliza ainda que o Irã está cada vez mais presente em diversas áreas de conflito, como demonstra o envio de mísseis aos rebeldes huthis iemenitas, cujos ataques no Mar Vermelho estão afetando o comércio mundial, bem como o fornecimento de drones à Rússia nos combates contra a Ucrânia.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Os países falaram em dedicar 2% do PIB a gastos militares, e não 10%, como informado inicialmente pela agência. O conteúdo foi corrigido.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

'Década mais perigosa': guerras e golpes colocam mundo à beira de crise militar - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Internacional