Juiz ameaça Trump de prisão se ele desobedecer ordens
O juiz do histórico julgamento de Donald Trump ameaçou, nesta segunda-feira (6), o ex-presidente com um mandado de prisão se ele continuar violando a ordem que o proíbe de insultar testemunhas, jurados e funcionários do tribunal.
Ao final deste novo dia do processo contra o candidato republicano às eleições presidenciais de novembro, os promotores informaram que ainda preveem cerca de duas semanas para ouvir o restante dos depoimentos.
"Pensei que acabariam hoje e querem mais duas a três semanas", disse Trump a jornalistas, insistindo em que é vítima de "ingerência eleitoral".
"Eu deveria estar fazendo campanha", acrescentou.
Mais cedo, o juiz de instrução do caso, Juan Merchan, lhe impôs uma nova multa de 1.000 dólares, que se soma a outras sanções de 9.000 dólares (45,5 mil reais) por nove violações anteriores da ordem judicial que o proíbe de fazer referência a qualquer coisa relacionada com o julgamento nas suas redes sociais.
Em sua decisão, o juiz advertiu Trump que por esta ser a décima vez que a corte o considerou culpado de desacatar suas ordens, "parece claro que as multas não serão suficientes para dissuadir o acusado de violar as ordens legais".
"Por mais que não queira lhe impôr uma sanção de prisão... Quero que entenda que vou fazê-lo", alertou Merchan, dirigindo-se ao primeiro ex-presidente da história dos Estados Unidos a se sentar no banco dos réus.
Desta vez, Trump foi multado por ter criticado em uma entrevista a velocidade (uma semana) com a qual se escolheu o júri e sua suposta composição em uma cidade majoritariamente democrata.
O magnata, de 77 anos, é acusado de 34 falsificações de documentos comerciais para reembolsar o seu então advogado pessoal Michael Cohen com o pagamento de 130 mil dólares (R$ 684 mil na cotação atual) para comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels poucos dias antes das eleições de 2016, vencidas por ele contra a democrata Hillary Clinton.
"No fim do dia, tenho um trabalho a fazer e parte desse trabalho é manter a dignidade do sistema de justiça", disse o magistrado, qualificando as críticas de Trump como "um ataque direto ao Estado de Direito".
O juiz reconheceu que prender o magnata por desacato seria uma decisão importante e um desafio logístico. Como ex-presidente, Trump recebe proteção do Serviço Secreto dos Estados Unidos 24 horas por dia.
- 'Crise' -
Durante a sessão desta segunda-feira, os promotores chamaram como testemunha Jeffrey McConney, um executivo da Trump Organization, que explicou ao júri sobre os pagamentos a Cohen pelo dinheiro dado a Daniels para comprar seu silêncio.
Espera-se que Daniels, de 45 anos, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, e Cohen, de 57, o ex-advogado de Trump que se tornou inimigo declarado de seu ex-chefe, testemunhem em algum momento na sala de audiências do Tribunal Superior de Manhattan, onde o julgamento está sendo realizado.
Hope Hicks, antiga assessora de Trump, falou na semana passada sobre a "crise" que atingiu a campanha presidencial de 2016, depois do surgimento de uma gravação na qual o magnata se gabava de que alguém famoso como ele "poderia se permitir qualquer coisa para conquistar as mulheres", inclusive tocar em suas genitálias.
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Quero receberHicks reconheceu que ficou "um pouco atordoada" com aquela gravação, denominada "Access Hollywood".
"Todos concordamos que a fita era prejudicial, era uma crise", disse Hicks, que foi uma peça-chave nas etapas finais da bem-sucedida campanha presidencial de Trump em 2016, quando os pagamentos a Daniels teriam sido supostamente realizados.
De acordo com os promotores, o pânico em relação à gravação desencadeou um esforço da campanha de Trump para silenciar Daniels, que ameaçou tornar público um suposto caso extraconjugal que ela teria mantido em 2006 com o magnata, o que ele sempre negou.
O pagamento em si não é um crime. Mas Trump é acusado de disfarçá-lo como honorários advocatícios pagos a seu advogado.
Em meio à campanha eleitoral, Trump se considera vítima de uma "caça às bruxas" e de uma conspiração judicial dos democratas, liderados pelo atual presidente Joe Biden, para impedi-lo de fazer o tão sonhado retorno à Casa Branca.
Além do caso de Nova York, Trump foi acusado em Washington e na Geórgia de conspirar para anular os resultados da eleição de 2020, vencida por Biden, e de levar para sua casa na Flórida documentos ultrassecretos que poderiam comprometer a segurança do estado no final de sua presidência em 2021.
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© Agence France-Presse
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