Guatemala investiga suposta rede de tráfico de pessoas que operava em ministério

Uma comissão anticorrupção do governo da Guatemala está investigando uma suposta rede de tráfico de pessoas que operou no Ministério de Comunicações durante os últimos anos, informou nesta quarta-feira (22) uma fonte oficial.

"É um assunto extremamente delicado. Qualquer questão desta magnitude tem que ser tratada com a devida diligência", disse o chefe da comissão anticorrupção, Santiago Palomo, a uma estação de rádio local, depois desta suposta estrutura ilegal no Ministério de Comunicações, Infraestrutura e Habitação (Micivi) ter sido divulgada.

"É um ministério que tem um ecossistema extremamente crítico, onde a regra é a impunidade. É algo muito indigno e acredito que o apelo à reflexão é como poder voltar a dignificar o pessoal do Ministério de Comunicações. Esse é o grande desafio", afirmou.

Embora a existência desta rede tenha sido divulgada na mídia local em 2018, durante o governo do ex-presidente Jimmy Morales (2016-2020), mas sem denúncias do Ministério Público, ela voltou a ser revelada após a ministra das Comunicações, Jazmín de la Vega, ter sido demitida pelo presidente Bernardo Arévalo, por não cumprir os prazos de pagamento a algumas construtoras.

Em uma coletiva de imprensa na terça-feira, De la Vega disse ter feito uma denúncia ao presidente em janeiro, quando assumiram os cargos, e lamentou ter sido ignorada.

Arévalo garantiu que a denúncia está a cargo da Comissão Nacional Contra a Corrupção, criada para cumprir sua principal promessa de campanha.

Palomo assegurou que, segundo a ex-ministra, "as jovens" mencionadas na denúncia estavam "ligadas a uma unidade do Micivi", sem que estivessem claras as razões de seu trabalho.

"Aparentemente existia um catálogo que era distribuído entre as pessoas envolvidas; entendo que exista esse catálogo físico; é lamentável e triste", acrescentou Palomo.

A comissão solicitou à unidade do Micivi envolvida no caso um relatório explicando as ações contra esta suposta máfia, que "se estabeleceu na pasta em administrações de governos anteriores". 

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"As acusações são graves" e se os fatos forem comprovados, representam uma "violação dos direitos humanos das pessoas envolvidas e mais um exemplo trágico dos níveis de corrupção" no Estado guatemalteco, indicou a entidade em comunicado.

A nota destaca que o ministério em questão deverá explicar "como tomou conhecimento do fato, das particularidades, das pessoas afetadas e dos possíveis responsáveis por se beneficiarem da referida rede". 

Da mesma forma, qualificou a acusação de "alarmante" e sustentou que, se confirmada, representa "um ato degradante, repugnante e desumano".

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© Agence France-Presse

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