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Ex-presidente Santos repreende Petro por interpretação do acordo Colômbia-Farc

26/05/2024 20h55

O ex-presidente da Colômbia Juan Manuel Santos repreendeu, neste domingo (26), o atual mandatário, Gustavo Petro, por sugerir que pode usar o acordo assinado em 2016 com a extinta guerrilha das Farc para mudar a Constituição.

O ganhador do Nobel da Paz criticou as recentes declarações de Petro, nas quais sugere que o pacto que levou ao desarmamento da organização insurgente mais poderosa das Américas lhe dá "legitimidade" para "convocar uma assembleia nacional constituinte".

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"Usar o acordo de paz com as Farc para convocar uma constituinte é um absurdo, essa foi precisamente uma das linhas vermelhas que mantivemos na negociação", reagiu o ex-presidente Santos (2010-2018) em um vídeo postado na rede X. 

Em um discurso na sexta-feira, Petro se referiu ao acordo de paz como um "instrumento de luta popular", com uma "legitimidade que vai além da Constituição". 

Há meses, o presidente esquerdista vem sugerindo que a Colômbia precisa modificar sua Carta Magna. E o faz especialmente cada vez que o Congresso se nega a aprovar suas reformas.

Primeiro, convocou seus apoiadores para que fossem às ruas fazer esta exigência e agora, planeja que pode fazê-lo em nome do Estado, graças ao pacto negociado em Havana.

Santos, que assinou o acordo de paz com o último comandante das Farc, Rodrigo Londoño - conhecido como "Timochenko" -, o contradisse: a proposta "não tem suporte jurídico porque os acordos especiais pressupõem que o conflito entre as partes continua e esse não foi o caso entre o Estado e as Farc", acrescentou.

O influente ex-presidente acrescentou que se Petro quiser mudar a Constituição, deve fazê-lo pelas vias disponíveis na legislação atual, caso contrário "enfrentaria o poder Legislativo, as Forças Armadas e a grande maioria dos colombianos".

A oposição de direita alerta que a verdadeira intenção de Petro é ficar no poder após agosto de 2026, quando termina seu mandato. 

Graças ao acordo de paz de 2016, cerca de 13.000 combatentes e colaboradores das Farc foram reincorporados à vida civil, alguns deles para se dedicar à política com o partido Comuns, surgido da negociação.

No entanto, dissidentes que não quiseram aderir ao pacto, continuam protagonizando atos de violência, que impedem a Colômbia superar seis décadas de conflito armado.  

das/ag/mvv

© Agence France-Presse

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