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Lula ao UOL: ministro Juscelino será afastado caso seja denunciado pela PGR

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

26/06/2024 10h25Atualizada em 26/06/2024 12h26

O presidente Lula (PT) afirmou, em entrevista ao UOL, que afastará o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, se ele for denunciado pela PGR (Procuradoria-geral da República).

O que Lula disse

Juscelino sai se for denunciado. "O que eu disse ao Juscelino: 'a verdade, só você sabe. Se o Procurador [Geral da República, Paulo Gonet] indiciá-lo, você sabe que tem de mudar de posição. Enquanto não houver indiciamento, você continua como ministro", declarou ao UOL. Na verdade, o indiciamento já foi feito pela Polícia Federal. Agora, cabe à PGR receber o relatório do indiciamento e apresentar denúncia ou não ao STF (Supremo Tribunal Federal).

"Se for aceita [a denúncia], vai ser afastado, ele sabe disso", completou Lula. "A informação que eu tive é que ele ficou agradecido depois que eu disse que todo mundo é inocente até provar o contrário."

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"Não sei, vamos discutir", disse o presidente sobre o futuro do ministério. Questionado se o União Brasil seguirá com a pasta das Comunicações caso Juscelino seja demitido, o presidente desconversou.

O caso do ministro das Comunicações

Juscelino é investigado, enquanto deputado federal, por suposto envolvimento em desvios da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

Lula e Juscelino apareceram juntos pela primeira vez após o indiciamento na semana passada. O presidente disse estar "feliz" com o ministro, afirmou que ele "está prestando um bom serviço" e negou qualquer intenção de reforma ministerial.

Em nota, o ministro afirmou que "o indiciamento é uma ação política e previsível". Na avaliação de Juscelino Filho, a investigação "distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito".

Como o UOL mostrou, qualquer decisão deve passar por uma chancela do União Brasil. O partido, que já saiu em defesa do ministro, é uma das principais forças do Congresso e, mesmo desunido, pode ser o fiel da balança em pautas importantes para o governo —para o bem e para o mal.

A demissão ou manutenção do ministro pode virar carta de negociação. Em outros momentos, Lula mostrou sua fidelidade ao partido ao dar um voto de confiança ao ministro. Agora, pode usar o avanço do caso como um pedido de fidelidade do União, apontam petistas, dado que derrotas recentes no Legislativo tiveram a ajuda da legenda. Mesmo tendo três ministros no governo, o partido tem votado com a oposição no Congresso.

"Bolsonaro merece ser ouvido"

"Bolsonaro tentou dar golpe, mas tem direito de se defender". Lula afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou dar um golpe de Estado para se manter no cargo, mas que ele merece ser ouvido nos casos em que está sendo investigado pela PF.

"O que eu defendo para ele eu defendo para mim: que ele tenha direito à presunção de inocência". Lula disse acreditar que Bolsonaro tenha tentado dar um golpe de Estado, mas defendeu a presunção de inocência para o adversário político. O presidente, que foi condenado na Operação Lava Jato e ficou preso em Curitiba por 1 ano e 7 meses, afirmou que não teve seus direitos respeitados à época.

Lula afirmou que "tem coisa errada", se Bolsonaro recebeu joias de presente em viagens oficiais. "Se o cara ganhou joia, joia não é presente de um presidente para o outro. Com joia, tem alguma coisa errada", declarou o petista.

Que ele tenha direito de se defender e que ele seja ouvido. É só isso que eu defendo, era o que eu queria para mim, porque eu não tive. Você sabe que eu fui condenado, e o crime que eu cometi foi fato indeterminado. (...) Então eu não quero que ele seja condenado, que ele seja inocentado, eu quero que ele seja julgado corretamente, com direito de defesa e que prevaleça aquilo que a justiça encontrar, sabe?

Que ele tentou dar o golpe tentou, isso é visível, sabe? É visível.
Presidente Lula, ao UOL

"Milei tem que pedir desculpas"

"Ele falou muita bobagem". Lula afirmou que presidente argentino Javier Milei deve desculpas ao Brasil e a ele por ter defendido que os foragidos do 8/1 fiquem presos na Argentina, caso não seja possível extraditá-los. O presidente completou que, por isso, não conversou com Milei até hoje.

Para Lula, Milei cria uma rivalidade desnecessária com o Brasil. "A Argentina é um país muito importante para o Brasil, e o Brasil é muito importante para Argentina. Não é um presidente da República que vai criar uma cizânia entre Brasil e Argentina. O povo argentino e povo brasileiro são maiores que os presidentes."

Se o presidente da Argentina governar a Argentina já está de bom tamanho, e não tentar governar o mundo.
Presidente Lula, ao UOL

Lula defendeu a prisão dos 60 foragidos do 8/1. Na semana passada, a chanceler da Argentina, Diana Mondino, enviou ao Itamaraty uma lista com mais de 60 fugitivos investigados ou condenados pelos ataques de 8 de Janeiro. "Se os caras não quiser vir que fiquem presos lá, fiquem presos na Argentina. Senão venham para cá". No mês passado, o UOL revelou que condenados ou investigados pelo 8/1 quebraram a tornozeleira e fugiram para o Uruguai e a Argentina.

O presidente deu entrevista para o UOL nesta manhã. Lula falou com os colunistas Carla Araújo e Leonardo Sakamoto no Palácio do Planalto.

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