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Partido de Mandela anuncia acordo com vários partidos para governo de coalizão na África do Sul

15.fev.2018 - Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa Imagem: Mike Hutchings/AFP

13/06/2024 18h34Atualizada em 13/06/2024 19h31

O Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) anunciou, nesta quinta-feira (13), que chegou a um acordo com vários partidos para formar um governo de coalizão, após perder a maioria absoluta nas eleições da África do Sul, onde governa desde o fim do apartheid.

O secretário-geral do ANC, Fikile Mbalula, falou na véspera da primeira sessão do Parlamento eleito na votação de 29 de maio e afirmou que o governo "gravitará para o centro", depois que os partidos de esquerda rejeitaram um pacto.

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"Conseguimos um grande avanço no acordo comum sobre a necessidade de trabalharmos juntos", declarou Mbalula.

O pacto deve permitir que o presidente Cyril Ramaphosa seja nomeado para um segundo mandato na sessão parlamentar desta sexta.

Mbalula descreveu a coalizão como um governo de unidade nacional e indicou que ela inclui a Aliança Democrática (DA), um partido neoliberal de centro-direita liderado pelo político branco John Steenhuisen, que ficou em segundo lugar nas eleições.

Além disso, integram o acordo o partido nacionalista zulu Inkatha Freedom Party (IFP), o pequeno Movimento Democrático Unido, de centro-esquerda, e o FF Plus, uma legenda identitária branca.

O partido de esquerda Fighters for Economic Freedom (EFF), liderado pelo ex-militante do ANC Julius Malema, que ficou em quarto, não foi incluído na coalizão, já que as negociações não prosperaram, indicou Mbalula.

Já o partido Umkhonto We Sizwe (MK), criado há apenas seis meses pelo ex-chefe do ANC e ex-presidente Jacob Zuma, que ficou em terceiro lugar nas eleições, não foi mencionado como parte do pacto de governo. Segundo Mbalula, as conversas com essa legenda vão continuar.

No entanto, o MK questiona a validade dos resultados das eleições legislativas e denuncia irregularidades. Seus 58 deputados preveem boicotar a sessão inaugural do Parlamento.

Outros partidos pequenos, como Rise Mzansi (centro-esquerda) e a legenda muçulmana Al Jama-ah, aceitaram fazer parte do governo, mas com reservas, acrescentou Mbalula.

Mudança rumo ao centro

O ANC ficou em primeiro lugar com 40% dos votos, mas obteve seu pior resultado desde 1994, quando chegou ao poder com o emblemático líder da luta contra o regime de segregação racial do apartheid, Nelson Mandela.

O partido, enfraquecido pela corrupção e os maus resultados econômicos, obteve 159 legisladores em um Parlamento de 400 assentos, perdendo a maioria absoluta e sendo obrigado a formar uma coalizão.

Na África do Sul, o presidente é eleito pelos parlamentares por voto secreto na assembleia.

O secretário-geral do ANC declarou que seu partido convidou "todo mundo a participar" do governo.

A mudança rumo ao centro negociada no âmbito do acordo de coalizão poderia prejudicar a já desgastada popularidade do presidente Ramaphosa, de 71 anos.

Este ex-sindicalista transformado em um rico empresário, que chegou ao poder em 2018 após a queda de Zuma por acusações de corrupção, chegou a ser descrito por Mandela como um dos dirigentes mais talentosos de sua geração.

Ramaphosa prometeu uma nova era para a África do Sul, mas, segundo seus detratores, decepcionou, entre outras coisas, na sua gestão da economia, com o desemprego atingindo máximos históricos.

A perspectiva de uma aliança com a DA gerou descontentamento em seu partido, e observadores afirmam que há deputados do ANC que podem votar contra Ramaphosa nesta sexta, amparados pelo voto secreto.

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