Disputa acirrada em São Paulo e sósias de 'Milei': os candidatos às eleições municipais
Debates explosivos entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, candidatos apelidados de 'Milei' e um suspeito de espionagem aspirante ao cargo de prefeito do Rio de Janeiro: começou a campanha para as eleições municipais em outubro.
Quase dois anos após as presidenciais que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva, os brasileiros foram convocados a escolher prefeitos e vereadores em mais de 5.500 cidades em dois turnos, nos dias 6 e 27 de outubro.
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A disputa acirrada pela Prefeitura de São Paulo, segundo as pesquisas, está concentrada no atual prefeito Ricardo Nunes e o deputado de esquerda Guilherme Boulos, uma versão em menor escala da polarização entre os eleitores de Lula e os do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mas até mesmo antes do início da campanha eleitoral, na última sexta-feira, o foco se voltou a Pablo Marçal, empresário e influenciador digital de 37 anos, elogiado pelo próprio Bolsonaro, que o vê como "uma pessoa inteligente", que "fala muito bem", embora não tenha "experiência".
Com seus 12,8 milhões de seguidores no Instagram, 12 vezes mais do que o prefeito atual, Marçal iniciou sua campanha em meio a polêmicas, ao insinuar que Boulos consome cocaína ou para se mostrar "contra a escolarização" porque, segundo ele, as crianças aprendem atualmente conteúdos inúteis.
Apesar das controvérsias, Marçal aumentou sua popularidade nas últimas semanas e está em terceiro nas pesquisas para comandar a megalópole com mais de 11 milhões de habitantes.
No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes, favorito à reeleição, também compete com um aliado de Bolsonaro, o deputado Alexandre Ramagem, que foi diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a presidência de Bolsonaro (2019-2022).
Ramagem está atualmente sendo investigado por suposta espionagem ilegal de figuras políticas de alto escalão e outras personalidades durante este período.
- "Milei de Floripa" -
Nas últimas eleições no Brasil, concorreram os candidatos "Barack Obama", "Chupa Cabra" e "Pijama", devido a uma disposição da lei eleitoral que lhes dá certa liberdade para escolher como se apresentar aos eleitores. Este ano entrou em cena o "Milei de Floripa".
De costeletas, peruca e faixa presidencial, o economista Ademar Meireles, autodenominado "patriota" e "libertário", emula em forma e conteúdo o presidente argentino Javier Milei.
O candidato de 56 anos aspira ao posto de vereador de Florianópolis, destino turístico muito visitado por argentinos, pelo Partido Liberal (PL) de Bolsonaro.
"No início foi só uma brincadeira, mas muitas pessoas acabaram gostando e eu também", disse Meireles no Instagram.
O candidato, que já passeou vestido de Milei por cidades do Brasil e da Argentina, também participou de uma coletiva de imprensa na sede presidencial da Casa Rosada, em Buenos Aires.
Sosteni Milei, que se diz sósia do mandatário argentino, também se apresenta à Câmara Municipal de João Pessoa, na Paraíba.
O nome "Jair Bolsonaro" também estará nas urnas, embora o ex-presidente, inabilitado politicamente até 2030, não aspire a nenhum cargo. Ele será levado pelo filho mais novo, Jair Renan, que concorre a vereador em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), outros 82 candidatos usam o sobrenome do ex-mandatário sem fazer parte da família.
Já em Belém, cidade que receberá a conferência das Nações Unidas para o clima COP30 em 2025, o deputado bolsonarista Éder Mauro aparece em primeiro lugar nas pesquisas. Ele é criticado por grupos ambientalistas e acusado de apoiar a mineração ilegal.
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