Bonés da campanha de Harris-Walz são termômetro de popularidade nos EUA

Se a venda de bonés da campanha da Harris-Walz pudesse ser transformada em resultado da eleição presidencial dos Estados Unidos em novembro, os vencedores seriam, sem dúvida, a candidata democrata Kamala Harris e seu companheiro de chapa Tim Walz.

"O volume de bonés que estamos vendendo em tão pouco tempo é algo que nunca tínhamos visto", diz Mitch Cahn, fundador da fábrica têxtil Unionwear em Nova Jersey, uma das poucas do país que sobreviveu a desconcentração industrial e estampa seus produtos com a etiqueta "Made in the USA".

A "Kamalamania" surpreendeu Cahn, que trabalha há 24 anos em campanhas eleitorais.

"Acredito que as pessoas queriam muito algo novo", explica à AFP, em meio aos trabalhadores que produzem cerca de 4 mil bonés diariamente.

Desde que Kamala entrou para a corrida, os funcionários trabalham até 60 horas semanais, incluindo aos sábados, para atender a demanda.

A empresa teve que "fortalecer a cadeia de suprimentos" - os estoques de tecido com estampa de camuflagem do país se esgotaram - e comprar mais máquinas de costura, diz ele. 

Ao contrário das vendas "anêmicas" da campanha de Biden, "de repente começamos a vender dezenas de milhares de bonés", explica.

Quando Tim Walz "usou um de nossos bonés na televisão, após ser eleito candidato à vice-presidência, as vendas dispararam", acrescentou. Os bonés têm uma estampa de camuflagem militar com o nome dos candidatos em laranja.

"Acredito que as vendas dos produtos refletem a popularidade do candidato e também a conexão dos eleitores com eles", disse o fundador da fábrica.

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- 100 mil bonés em um mês -

Em menos de um mês, a fábrica vendeu mais de 100 mil bonés. Em uma semana como candidata oficial, os bonés de Kamala venderam mais do que os de Joe Biden o ano todo.

Se ela vencer a eleição, "provavelmente veremos outra onda de produtos de posse, como vimos com Barack Obama em 2009", prevê.

"Desde doze anos atrás, com Barack Obama, não víamos esse tipo de entusiasmo por um candidato", especialmente entre as mulheres, que são as que mais usam seus bonés, até agora um produto predominantemente masculino, alegra-se Cahn.

Nem mesmo quando Hillary Clinton era candidata à presidência em 2016, que perdeu para o republicano Donald Trump, o mesmo adversário que Harris enfrentará este ano.

Na época, as vendas de bonés "estavam muito ruins", apesar da previsão de liderança nas pesquisas, lembra Cahn.

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- "Made in the USA" -

Apesar da globalização e do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) entre o Canadá, os EUA e o México, a empresa de Cahn é uma das poucas do setor que sobreviveu no país, graças principalmente aos pedidos de uniformes do Exército dos EUA, que é obrigado por lei a dar prioridade à produção nacional.

Ela também se beneficia da "retórica" dos candidatos que fazem campanha para o retorno dos empregos no setor de manufatura ao país.

"Não é correto que um candidato diga isso e venda produtos de propaganda fabricados na China ou no México", diz ele.

Do lado republicano, os bonés de Trump, popularizados há quatro anos com o lema MAGA (Make America Great Again), atualmente são, em sua maioria, importados da China e apenas bordados no país, diz Cahn.

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© Agence France-Presse

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