'Jurista' Marçal adota tática fascista ao prometer censurar livros
Depois de se autointitular jurista em resposta ao jornalista Adalberto Piotto do site Antagonista, o candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal espancou qualquer dúvida quanto ao seu perfil mitômano e à sua ideologia fascista.
Isso ocorreu na visita feita por ele, na quarta-feira (11), à 27ª Bienal do Livro, onde entrou sob apupos e saiu ovacionado por jovens incautos.
Marçal anunciou a disposição de proibir, caso eleito, livros impróprios e imorais nas escolas municipais paulistanas.
Com isso, horrorizou educadores e quase matou de susto os bibliófilos de todas as idades.
Não quis citar autores e obras, mas frisou que a censura recairá naqueles que levam aos jovens a cultura comunista. Aí, ficou evidenciada a tática fascista.
Index prohibitorum
Marçal ingressou no túnel do tempo. Prometeu implantar na educação o "Index Librorum Prohibitorum", de triste memória. Ou seja, um catálogo de livros proibidos, como fez, em 1487, o papa Inocêncio 8º, que proibiu livros considerados heréticos ou escandalosos. Eles eram encaminhados às fogueiras.
Em 1571, Paulo 5º instituiu uma congregação para elaboração dos catálogos proibidos e, em 1917, passou a competência ao famigerado Santo Ofício —nome de fantasia da Inquisição.
O "jurista" Pablo Marçal deve ter esquecido que o "Index Librorum Prohibitorum" perdeu valor e existência no direito canônico em 1966.
Pelo jeito, ele continua a existir na mente obscurantista e censória de Marçal.
Lógico, qualquer decisão de censura de livros didáticos será derrubada na Justiça, como sabem, além dos juristas e operadores do direito, até um reprovado em exame de qualificação profissional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Marçal não é um jurista, mas um indigitado jurídico, expressão empregada à pessoa já responsabilizada criminalmente, dada como culpada por autoria de crime doloso, ainda que tenha ocorrido causa extintiva da punição, como a prescrição.
Fascismo
O tempo todo Marçal repete ser contra o comunismo. E considera comunistas todos os que não sejam adeptos da direita radical.
No fascismo, Mussolini precisou eleger um inimigo do povo. E escolheu os socialistas e comunistas para serem odiados. No seu nacionalismo, não havia espaço para os socialistas e comunistas e, por posição ideológica e opinião, eles eram encaminhados à cadeia.
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OLHAR APURADO
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Quero receberEm livro intitulado "O Fascismo Nunca Morreu", publicado neste ano pela editora Dédalo, o professor emérito Luciano Canfora aponta que a escolha de um inimigo público faz parte da doutrina fascista.
Marçal elegeu o comunismo, só falta voltar a fazer circular a farsa antropofágica: "Comunista come criancinhas".
Em síntese, Marçal não tolera o pluralismo e nem a cultura. Como um fascista, elegeu o comunismo e o catalogou como grande mal.
Como apontam os cientista e comentaristas de política, Marçal assumiu a liderança da direita radical, aquela antidemocrática e golpista.
Está claro que Marçal roubou a bandeira do anticomunismo de Jair Bolsonaro. E Bolsonaro é adepto da tática fascista de luta contra o comunismo e os comunistas.
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