Petróleo volta a cair: efeito da crise na Líbia foi de curta duração

Os preços do petróleo caíram fortemente nesta terça-feira (27), em um mercado que suavizou o impacto da crise política que perturba a produção na Líbia.

O barril de Brent do Mar do Norte para entrega em outubro caiu 2,31%, para 79,55 dólares. Enquanto isso, o West Texas Intermediate (WTI) para a mesma data recuou 2,44%, para 75,53 dólares.

"O mercado está nervoso, especialmente com a situação em Gaza e um potencial conflito com o Irã", afirmou John Kilduff, da Again Capital, ao explicar as variações bruscas dos preços, que na segunda-feira subiram mais de 3%.

A disparada de segunda ocorreu depois que as autoridades de Benghazi (leste da Líbia) ordenaram "o fechamento de todos os campos e terminais de petróleo" instalados em áreas controladas pelo poderoso clã do marechal Khalifa Haftar, ou seja, cerca de 90% de toda a infraestrutura de extração do país.

Khalifa Haftar apoia o governo de Bengazhi, rival do Governo de União Nacional, sediado em Trípoli.

A Líbia produz 1,19 milhão de barris diários, segundo dados de julho da Agência Internacional de Energia (AIE).

"Isto acontece há muito tempo na Líbia (...) A produção é intermitente. Vai e vem. Já não influencia mais o equilíbrio mundial. Eles perderam sua influência ao longo dos anos", resumiu Kilduff.

Desde a morte do ditador Muammar Gaddafi, em 2011, a Líbia vive mergulhada no caos, e as instalações petrolíferas suspendem regularmente suas atividades.

"Acho que o mercado reagiu exageradamente" na segunda-feira, concluiu Kilduff.

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A queda nos preços também se deve a declarações do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, que apontou que "os avanços continuam" nas negociações para um possível cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Para Kilduff, a tendência do mercado é de baixa. "Se chegarmos a um acordo sobre Gaza, o mercado está pronto" para cair, afirmou.

"A percepção da demanda por matérias-primas melhorou" nos últimos dias, "mas a tendência é de queda", disse em uma nota de análise Daniel Ghali, da TD Securities.

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© Agence France-Presse

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