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Bombardeio de Mao Tsé-Tung, mísseis: como Estreito de Taiwan virou ponto de tensão

Barcos de mísseis Kuang Hua VI da marinha de Taiwan navegam no porto de Keelung Imagem: 14.out.2024-I-Hwa CHENG / AFP

14/10/2024 08h54Atualizada em 14/10/2024 17h00

O Estreito de Taiwan, onde navios e aviões chineses realizaram exercícios militares nesta segunda-feira (14), é um eixo marítimo importante e fonte de tensões internacionais há mais de 70 anos.

O que é o Estreito de Taiwan?

Desde que os comunistas tomaram o poder na China em 1949 e o governo nacionalista fugiu para Taiwan, o estreito separa politicamente a ilha de 23 milhões de habitantes, governada por um Executivo democrático autônomo, da República Popular da China.

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Taiwan fica a 130 km do continente, mas algumas ilhas taiwanesas menores, como Kinmen e Matsu, ficam a uma curta distância da costa chinesa.

Por que é importante?

Mais de 20% do comércio marítimo internacional passa pelo estreito. Esse tráfego representou cerca de US$ 2,45 trilhões em 2022 (R$ 12,78 trilhões na cotação da época), segundo o instituto americano Center for Strategic and International Studies.

Além disso, Taiwan desempenha um papel fundamental na produção de semicondutores, fundamentais para o desenvolvimento da inteligência artificial, entre outras aplicações. A ilha garante nada menos que 90% do abastecimento mundial nessa área.

Estes dois fatores representam um risco significativo para toda a economia mundial em caso de bloqueio, segundo vários analistas.

"Os mercados afundariam, o comércio contrairia, as redes de abastecimento ficariam bloqueadas e a economia global entraria em colapso", diz Robert A. Manning, do Stimson Center, em Washington.

Os prejuízos às empresas que utilizam chips fabricados em Taiwan poderiam chegar a US$ 1,6 trilhão de dólares por ano (R$ 9 trilhões na cotação atual), segundo um estudo do Rhodium Group.

Existem precedentes?

Em 1954, uma primeira crise eclodiu quando os nacionalistas do Kuomintang (KMT) de Chiang Kai-shek mobilizaram milhares de soldados em Kinmen e Matsu, ao longo da costa chinesa. A China respondeu com disparos de artilharia contra essas ilhas. A crise acabou apaziguada.

Os combates recomeçaram em 1958, quando as forças de Mao Tsé-Tung bombardearam novamente Kinmen e Matsu. O então presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, ordenou que seus militares escoltassem os reforços taiwaneses.

Incapaz de tomar essas ilhas, Pequim anunciou um cessar-fogo. Desde que Tsai Ing-wen, candidata do Partido Democrático Progressista (DPP), foi eleita para a presidência de Taiwan em 2016, a China realizou muitas incursões com aeronaves militares na Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ, sigla em inglês).

Em 2022, Pequim realizou exercícios militares em grande escala em resposta a uma visita a Taiwan da então presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi.

A ilha foi cercada em 4 de agosto e a China disparou mísseis por vários dias. Taipé respondeu com exercícios militares e os Estados Unidos enviaram navios de guerra para o estreito.

Em abril de 2023, após a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, ter se reunido com o novo presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, a China ensaiou um cerco a Taiwan e conduziu exercícios com disparos reais perto de Pingtan.

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