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Prédio da Enel foi incendiado em protestos no Chile? Entenda

Prédio Enel Chile incêndio Imagem: Reprodução/X/@BomberosdeChile

Giovanna Arruda

Colaboração para o UOL

14/10/2024 12h32

Em meio ao caos causado por fortes chuvas e ventos que atingiram o estado de São Paulo na última sexta-feira (11), a população paulista sofre, novamente, com apagão. Em alguns bairros da capital e em cidades da Região Metropolitana, moradores seguem sem energia elétrica há quase três dias.

Responsável por 70% da distribuição de energia na região, a Enel tem sido alvo de críticas por conta da atuação frente ao problema, afirmando não haver previsão para restabelecimento completo de luz nos imóveis às escuras.

Nas redes sociais, publicações viralizaram relembrando um incêndio criminoso que atingiu o edifício da concessionária em Santiago, no Chile, em 2019. Entenda o que aconteceu na época, quando o país vivia uma série de protestos - mas não devido a problemas na energia elétrica.

O que aconteceu no Chile

Série de protestos atingiu a capital em outubro de 2019. O que começou com manifestações contra o aumento nas passagens do metrô evoluiu para protestos violentos entre população e policiais. Durante dias seguidos, milhões de chilenos foram às ruas contra o ajuste de 30 pesos na tarifa do metrô, cerca de 18 centavos de real.

Estudantes durante protesto contra o aumento da tarifa do metrô em Santiago Imagem: Jonathan Oyarzun/Aton Chile/AFP

Estações do metrô foram depredadas e palco de tumultos. Parte dos manifestantes paralisou diferentes linhas que cruzavam a cidade, enquanto outra parcela de chilenos quebraram catracas e derrubaram portões nas estações. Por conta do ocorrido, a circulação do metrô chegou a ser suspensa.

Pressão dos protestos fez com que presidente revogasse aumento nas passagens. Sebastián Piñera, então líder do país, suspendeu o ajuste nos bilhetes. No entanto, os protestos seguiram tomando conta das ruas chilenas, com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água por parte das autoridades e pedras e paus sendo arremessados pelos participantes dos protestos. Nesta altura, as manifestações haviam se fortalecido e passado a contestar o governo de Piñera como um todo, exigindo uma nova Constituição no país.

Violência escalou e se espalhou por Santiago. O combate entre manifestantes e policiais fez com que o Estado de Emergência fosse declarado pelo governo, e o exército foi às ruas pela primeira vez desde o final da ditadura de Augusto Pinochet, que perdurou até 1990. Barricadas foram espalhadas pelas avenidas e ruas da capital.

Policial em chamas durante protesto contra o governo do Chile em Santiago Imagem: Jorge Silva/Reuters

Apesar de os protestos não serem devido a problemas de energia elétrica, um dos alvos dos manifestantes foi o prédio da Enel no centro de Santiago. O fogo teria tido início nas escadas rolantes externas do edifício, se alastrando para pisos superiores. Em nota à época, a Enel declarou que um grupo havia "atacado" as dependências do edifício, em especial a escada de emergência. Veja abaixo imagens do incêndio, considerado como "criminoso" pela empresa.

Protestos culminaram em votação para nova Constituição. Em setembro de 2022, a primeira tentativa de atualização do documento fracassou nas urnas, quando 62% votaram pela "rejeição" das propostas de líderes independentes e de esquerda. Já em dezembro de 2023, liderada por nomes da direita, nova proposta foi rejeitada com pouco mais de 55% de votos contrários. Com as negativas, continua em vigor a Constituição aprovada em 1980 no regime de Pinochet.

O que aconteceu no Brasil

Temporal atingiu diversas cidades do estado de São Paulo e prejudicou fornecimento de energia. Até o momento, mais de 500 mil imóveis seguem sem energia elétrica no estado. Somente na capital, mais de 350 mil clientes estão sem luz desde o final da sexta, segundo boletim da Enel divulgado na manhã desta segunda-feira (14).

Além da cidade de São Paulo, municípios na Região Metropolitana também têm imóveis sem luz. Cotia, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo ainda sofrem as consequências da tempestade. Segundo a Enel, até o momento 1,5 milhão de casas tiveram energia restabelecida.

Enel será intimada por demora no restabelecimento de energia. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) afirmou que a resposta da concessionária ao apagão ficou "aquém do esperado". Equipes do Rio de Janeiro e do Ceará, estados que também têm a Enel como distribuidora de energia elétrica, vieram a São Paulo para ajudar no reparo dos problemas, segundo a concessionária.

Chuva repentina com ventos recordes causou o desligamento de várias linhas de alta tensão e subestações de energia. A Enel culpa o que chamou de "evento climático extremo" pelos estragos causados aos paulistas.

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