Parlamento Europeu concede Prêmio Sakharov aos líderes da oposição venezuelana

Os líderes opositores venezuelanos María Corina Machado e Edmundo González Urrutia foram anunciados nesta quinta-feira (24) como os vencedores do Prêmio Sakharov de Liberdade de Consciência 2024, anunciou a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola. 

Metsola destacou que Machado e González representam "todos os venezuelanos, dentro e fora do país, que lutam para restabelecer as liberdades e a democracia diante da injustiça".

Os dois líderes opositores, disse Metsola, têm lutado "por uma transição de poder livre, justa e pacífica e defendem corajosamente os valores que milhões de venezuelanos e este Parlamento tanto prezam: a justiça, a democracia e o Estado de direito".

Machado e González Urrutia superaram o economista azerbaijano e ativista anticorrupção Gubad Ibadoghlu e os movimentos de mulheres israelenses e palestinas "Mulheres do Sol" e "Mulheres pela Paz", as outras candidaturas finalistas.

O prêmio Sakharov de Liberdade de Consciência é concedido anualmente pelo Parlamento Europeu e homenageia o físico nuclear e dissidente soviético Andrei Sakharov, vencedor do Nobel da Paz de 1975.

A premiação inclui a quantia de 50 mil euros (US$ 53 mil, R$ 301 mil). 

Em 2023, o Prêmio Sakharov foi concedido de maneira póstuma a Mahsa Amini, uma jovem iraniana que morreu em 2022 quando estava sob custódia da polícia em seu país.

Em 2017, o Parlamento Europeu concedeu o Prêmio Sakharov à "Oposição da Venezuela".

María Corina Machado, uma engenheira de 57 anos, é uma das figuras mais populares da oposição ao governo de Nicolás Maduro.

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Em junho de 2023, ela teve os direitos políticos cassados por um período de 15 anos, mas ainda assim venceu as primárias da Plataforma Unitária por ampla maioria e virou a candidata à presidência do bloco para as eleições de julho de 2024.

- Crise após as eleições -

Como estava proibida de disputar as eleições, a candidatura foi recusada e em seu lugar concorreu o ex-diplomata Edmundo González Urrutia. Apesar do cenário, Machado continuou sendo a principal figura da oposição a Maduro.

Após as controversas eleições presidenciais, nas quais Maduro foi declarado vencedor, Machado permaneceu na Venezuela, mas o seu paradeiro é desconhecido.

A Plataforma Unitária afirma que González Urrutia recebeu quase de 70% dos votos. O candidato, um discreto diplomata de 75 anos, aproveitava uma vida calma de aposentadoria, ao lado dos netos, quando se tornou candidato à presidência.

Em sua repentina carreira política, ele nunca pareceu muito confortável sob os holofotes, lia seus discursos de maneira monótona e raramente improvisava. Urrutia deixou o protagonismo para Machado.

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Após as eleições, González Urrutia buscou proteção na embaixada dos Países Baixos em Caracas, mas depois seguiu para a representação da Espanha, de onde partiu para o exílio. Atualmente, ele mora em Madri.

O Parlamento Europeu reconheceu em 19 de setembro a vitória de González Urrutia nas eleições. No anúncio do Prêmio Sakharov ele foi chamado de "presidente eleito" da Venezuela.

Machado e González Urrutia foram propostos para o Prêmio Sakharov pelo Partido Popular Europeu (PPE, direita), que tem maioria no Parlamento Europeu. González Urrutia também teve o nome proposto pelo bloco de extrema direita ECR (Conservadores e Reformistas).

Os vencedores do Prêmio Sakharov foram escolhidos nesta quinta-feira pela Conferência de Presidentes, integrada por Roberta Metsola e pelos líderes dos grupos políticos.

A cerimônia de entrega do prêmio acontecerá em 18 de dezembro na sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo, leste da França.

ahg/jvb/fp

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© Agence France-Presse

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