Kamala se distancia de Biden após presidente chamar seguidores de Trump de 'lixo'
Kamala Harris lida, nesta quarta-feira (30), com um deslize de Joe Biden, que provocou uma tempestade política ao chamar de "lixo" os seguidores de Donald Trump, a menos de uma semana das eleições presidenciais dos Estados Unidos.
Os republicanos estão furiosos com o presidente por um comentário feito durante uma videoconferência com a ONG Voto Latino.
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O democrata de 81 anos falava sobre a polêmica que surgiu após um dos participantes de um comício de Trump em Nova York dizer que Porto Rico é como uma "ilha flutuante de lixo".
"O único lixo que vejo flutuando por aí são seus seguidores", disse Biden. "Sua demonização dos latinos é inconcebível e antiamericana", acrescentou.
Mais tarde, na rede social X, Biden tentou minimizar a questão dizendo que se referia "à retórica odiosa sobre Porto Rico lançada por um apoiador de Trump".
Pouco adiantou. O comentário se tornou um trunfo para o candidato republicano e uma pedra no sapato da vice-presidente.
"Joe Biden finalmente disse o que ele e Kamala realmente pensam sobre nossos apoiadores. Ele os chamou de lixo", afirmou Trump nesta quarta-feira em um comício na Carolina do Norte.
"Minha resposta para Joe e Kamala é muito simples: você não pode governar os Estados Unidos se não ama os americanos", afirmou o republicano, que considera seus seguidores "o coração e a alma" do país.
Ele comparou a situação com quando Hillary Clinton, sua rival na presidência em 2016, afirmou que metade dos apoiadores do republicano eram "deploráveis".
O conhecido senador republicano Marco Rubio exigiu que Biden se desculpasse.
Para Kamala, o deslize representa um obstáculo justo quando ela tenta, de todas as formas, atrair o voto de republicanos descontentes com a retórica antimigratória de Trump e sua abordagem da democracia.
- "Discordo" -
"Permitam-me ser clara, estou em desacordo com qualquer crítica às pessoas baseada em quem votam", declarou a jornalistas na Base Conjunta de Andrews, perto de Washington.
Kamala, de 60 anos, teria preferido não ter que se distanciar publicamente de seu chefe horas depois de fazer um discurso solene contra Trump diante de dezenas de milhares de pessoas à sombra da Casa Branca.
A seis dias das eleições, aumentam os temores de que o republicano rejeite o resultado se perder.
Trump tem aproveitado as irregularidades constatadas pelas autoridades para afirmar que há "fraudes" em "uma escala nunca antes vista".
Ambos os candidatos estão percorrendo os sete estados-chave que decidirão o resultado das eleições: Nevada, Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Geórgia, Arizona e Carolina do Norte.
Nesta quarta-feira, Kamala fez um comício em Raleigh, na Carolina do Norte, um estado onde os democratas não vencem desde Barack Obama em 2008, mas onde a vice-presidente deposita muitas esperanças.
"Lutamos por uma democracia e, ao contrário de Donald Trump, não acredito que as pessoas que discordam de mim sejam o inimigo. Ele quer colocá-las na prisão. Eu lhes darei um lugar à mesa", afirmou a ex-procuradora.
"E às pessoas que não estão de acordo comigo", disse ela quando um suposto manifestante a interrompeu.
Aquela que pode se tornar a primeira mulher negra a presidir os Estados Unidos prometeu "colocar o país acima do partido".
A pouco menos de 100 km de distância, Donald Trump também fazia um comício.
- "Me chamaram de Hitler" -
O republicano acusou a administração Biden de ser "fracassada e corrupta" e de ter "destruído o país".
"Nos chamaram de intolerantes racistas, deploráveis fascistas, irredimíveis, nazistas, e me chamaram de Hitler", queixou-se.
Nesta quarta-feira, ambos viajarão também para Wisconsin, a mais de 1.200 km da Carolina do Norte.
Trump estará acompanhado no palco por Brett Favre, antiga estrela do time local de futebol americano.
Kamala seguirá depois para a Pensilvânia, considerada o prêmio maior entre os estados-chave para vencer as eleições.
A lista de artistas que a apoiam cresceu nesta quarta-feira com o ator e ex-governador republicano da Califórnia, Arnold Schwarzenegger.
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© Agence France-Presse