Ex-atleta, pai, mãe e estudantes: as vítimas do atropelamento nos EUA
As identidades de parte dos mortos no atropelamento em massa em Nova Orleans (EUA) foram divulgadas por escolas, universidades e parentes das vítimas nas redes sociais. Saiba quem eram eles.
Tiger Bech
Nascido na cidade de Lafayette, na Louisiana, Tiger Bech, 27, era ex-aluno da Universidade de Princeton. Ele jogou futebol americano universitário entre os anos de 2017 e 2019 e se graduou em finanças em 2021 na instituição. Tiger trabalhava em Nova York, mas passava as festas de fim de ano no Alabama.
O irmão de Tiger lamentou a morte em publicação nas redes sociais. Jack Bech, que também é jogador de futebol americano, disse cuidará da família deles.
Você me inspirou todos os dias e agora vai estar comigo em todos os momentos. Eu cuido da família, não se preocupe.
Jack Bech, irmão de Tiger, em publicação no Instagram
Kareem Badawi
A morte do jovem de 24 anos foi confirmada pela Universidade do Alabama, onde ele estudava. Em pronunciamento nas redes sociais, o presidente da instituição afirmou que "sente o luto junto à família de Kareem".
Em seus perfis online, Badawi publicava fotos com colegas de fraternidade. Ele também postava registros do seu período como jogador de futebol americano na Escola Episcopal de Baton Rouge, onde estudou antes de ir para Alabama. A escola lamentou a morte e confirmou que outro ex-aluno de 24 anos está internado em estado grave no hospital.
Família do jovem é natural da Jordânia. Em publicação feita em árabe nas redes sociais, o pai de Kareem, Belal Badawi, lamentou a morte.
Pedimos que Deus tenha misericórdia de Kareem e que nos dê paciência e força para passar por isso.
Belal Badawi, pai de vítima de ataque terrorista, no Facebook
Matthew Tenedorio
A família do jovem de 25 anos confirmou a morte dele em publicação nas redes sociais. Matthew trabalhava como técnico audiovisual no estádio Superdome, um dos locais que sofreu um lockdown de segurança após o ataque.
Ele deixa dois irmãos, mãe e pai. A família de Matthew também fez um financiamento coletivo para tentar arcar com os custos do funeral do jovem. "A mãe dele está se recuperando de uma batalha contra o câncer e, por causa das despesas médicas, não consegue arcar com o funeral", afirmou um primo do jovem morto.
Hubert Gauthreaux
A morte de Hubert, 21, foi confirmada pela Archbishop Shaw High School, escola onde ele estudou até 2021. Família passou horas procurando pelo jovem até encontrá-lo morto em hospital. Segundo o jornal NOLA, Hubert morreu por complicações dos ferimentos causados pelo atropelamento.
Reggie Hunter
Natural de Baton Rouge, Reggie Hunter, 37, deixa dois filhos. Ele decidiu ir às comemorações na Bourbon Street de última hora, após sair de um turno de trabalho e estava no local acompanhado de um primo, que também foi atropelado, mas sobreviveu.
Homem mandou mensagem para familiares pouco antes do ataque. Shirell Robinson Jackson, primo de Reggie, afirmou que ele "não era ameaça a ninguém" e que a morte foi um "duro golpe" na família no primeiro dia do ano.
Reggie foi levado ao hospital, mas não resistiu. Ele morreu por complicações de uma hemorragia interna, informou o primo em publicação nas redes sociais.
Ele tinha acabado de mandar mensagem de Feliz Ano-Novo no nosso grupo da família. Ele amava os filhos dele, amava a família.
Shirell Robinson Jackson, primo de Reggie, em publicação no Facebook
Ni'kyra Cheyenne Dedeaux
Recém-formada no ensino médio, Ni'kyra, 18, comemorava o Ano-Novo com uma prima quando foi morta. Ela era natural do Mississippi e estava prestes a entrar em uma escola de enfermagem, segundo o Indianapolis Star Reporter.
"Perdi o meu bebê", diz mãe. Em publicação no Facebook, Melissa Dedeaux, mãe da jovem, lamentou a morte. "Quando seus pais falam para você não sair de casa, por favor, os escutem", disse Melissa.
Nicole Perez
Nicole, 27, era mãe solteira de um menino de quatro anos e tinha acabado de ser promovida. Ela era gerente de uma confeitaria de Nova Orleans.
Filho da jovem vai ficar sob cuidados da mãe e da irmã dela. A chefe de Nicole, Kimberly Usher-Fall, abriu um financiamento coletivo para cobrir as despesas do funeral da mulher. Com meta de US$ 50 mil (equivalente a R$ 310 mil), mais de 900 doações
Relembre o caso
Shamsud-Din Jabbar, ex-militar e cidadão norte-americano que morava no Texas, deixou 14 mortos após avançar com caminhonete contra multidão em Nova Orleans. O ataque ocorreu por volta de 3h15 no horário local (6h15 no horário de Brasília) desta quarta-feira.
O FBI investiga o ataque como terrorismo. Uma bandeira do Estado Islâmico foi encontrada no carro, assim como armas e explosivos. Além de matar 14 pessoas, o atropelamento também feriu 35. Não há detalhes do estado de saúde dos feridos.
Atropelamento foi intencional, segundo a polícia. A superintendente Anne Kirkpatrick declarou que o suspeito demonstrou "comportamento muito intencional" e que estava "tentando atropelar o máximo de pessoas possível".
Após o ataque, o motorista atirou contra a polícia, atingindo dois oficiais. Ambos passam bem, informou Kirkpatrick. "Ontem à noite, tivemos mais de 300 policiais aqui (...) ele [motorista] estava decidido a provocar uma carnificina", afirmou.
Em seguida, o condutor foi morto pela polícia. "Depois que o veículo parou, o suspeito teria aberto fogo contra os policiais que responderam, que revidaram", afirmou o Departamento de Polícia de Nova Orleans. O FBI confirmou. Ainda não há informações sobre a motivação do crime.
Moradores locais e turistas se reuniam na avenida para assistir a um concerto ao ar livre e à contagem regressiva para o Ano-Novo. A região também estava lotada porque os restaurantes ofereciam promoções e apresentações especiais.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, interrompeu sua agenda para lidar com a crise. "Não há justificativa para nenhum tipo de violência e não toleraremos nenhum ataque a nenhuma das comunidades de nosso país", disse o presidente. "Biden entrou em contato com a prefeita de Nova Orleans, Cantrell, para oferecer apoio", informa um comunicado da Casa Branca. "O presidente continuará a ser informado ao longo do dia."
Donald Trump, que assume a presidência em 20 dias, usou o caso para reforçar seu discurso contra imigração. "Quando eu disse que os criminosos que chegam são muito piores do que os criminosos que temos em nosso país, essa afirmação foi constantemente refutada pelos democratas e pela mídia fake news, mas acabou sendo verdade. A taxa de criminalidade em nosso país está em um nível que ninguém jamais viu antes", atacou Trump.
O presidente da Câmara dos EUA, Mike Johnson, chamou o ataque de "um ato de pura maldade". "A justiça deve ser rápida para qualquer um que esteja envolvido", afirmou no X. "Por favor, junte-se a nós em oração pelas vítimas, suas famílias e os primeiros socorristas e investigadores."
O ataque no popular French Quarter ocorreu poucas horas antes da cidade sediar o The Sugar Bowl. O jogo anual de futebol americano será disputado entre a Universidade da Geórgia e a de Notre Dame.