O 'bromance' entre Trump e Musk tem prazo de validade?
Quanto tempo vai durar a dupla formada pelo homem mais rico do mundo e pelo presidente eleito dos Estados Unidos? É impossível saber, mas até o momento Elon Musk e Donald Trump parecem carne e unha.
"Não consigo tirá-lo daqui", brincou o republicano de 78 anos sobre Musk em sua mansão em Mar-a-Lago, na Flórida, na semana passada.
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"Também gosto de tê-lo aqui. Ele fez um trabalho fantástico, (ele tem) uma mente incrível", acrescentou.
Mas será que esse "bromance" sobreviverá a diferenças políticas significativas e a suas próprias personalidades?
Aqui estão seis possíveis pontos de atrito:
- Quem é o chefe? -
Musk é conhecido por ser viciado em trabalho e um defensor das jornadas de trabalho intermináveis. Ele dirige suas empresas como feudos pessoais em que sua autoridade raramente é questionada.
Desde as linhas de produção das fábricas a sala de reuniões, está acostumado a conseguir o que quer com um estilo cáustico que o leva a demitir pessoas e, às vezes, insultar funcionários.
Trump também gosta de demitir e humilhar pessoas em público, exige lealdade total e, no passado, se incomodava de dividir os holofotes com outros.
Ele gosta de colocar seus assessores e membros do gabinete uns contra os outros, de acordo com ex-funcionários.
Na semana passada, Musk teve sua primeira briga pública com Boris Epshteyn, funcionário da transição de Trump, segundo o site de notícias Axios.
E no sábado, ele apoiou abertamente o bilionário Howard Lutnick para secretário do Tesouro, testando sua influência.
- Mudança climática -
Musk investiu na Tesla em 2004, em parte devido a sua preocupação com o aquecimento global.
Em 2017, ele renunciou ao cargo de assessor de Trump em protesto contra a decisão do então presidente de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre mudança climática.
"A mudança climática é real. Sair de Paris não é bom para os Estados Unidos ou para o mundo", escreveu Musk no Twitter na época.
O democrata Joe Biden, sucessor de Trump, voltou a participar do tratado em 2020.
Musk mudou de ideia recentemente. Em uma conversa ao vivo na rede X, ele disse ao presidente eleito em agosto: "Se formos sustentáveis entre 50 a 100 anos, acho que provavelmente ficará tudo bem".
- Transição energética -
Musk tem apostado na transição energética, fazendo fortuna com os carros elétricos Tesla e desenvolvendo tecnologia de baterias domésticas e tetos solares.
Já Trump fez campanha com o slogan "drill, baby, drill" ("perfure, baby, perfure") e espera-se que aprove novas infraestruturas e licenças para combustíveis fósseis, até mesmo abrindo áreas federais protegidas para empresas de petróleo e gás.
Musk costumava zombar da "economia de hidrocarbonetos de extração e queima" que Trump defende abertamente.
O presidente eleito escolheu como secretário de Energia um magnata do fracking, um método de extração de hidrocarbonetos denunciado por ativistas climáticos.
Chris Wright rejeitou publicamente a mudança climática e a transição energética no ano passado.
- China -
A postura agressiva de Trump sobre a China e o risco de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo podem ser outro espinho na relação entre os bilionários.
A China é um mercado importante para a Tesla, onde a empresa tem uma de suas chamadas "gigafábricas" e tenta competir com fabricantes nacionais.
Musk nunca diz uma palavra negativa sobre o Partido Comunista no poder, o que o coloca contra os falcões contrários ao país, como o senador americano Marco Rubio, que foi escolhido como futuro chefe da diplomacia.
- Contas em cheque -
Musk, que não poupa despesas em suas próprias companhias, recebeu de Trump a tarefa de chefiar o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), encarregado de cortar os gastos públicos.
Os planos para cortar programas certamente enfrentarão uma forte reação política, até mesmo dos republicanos.
Com a aproximação das eleições de meados do mandato, os interesses políticos de Trump podem entrar em conflito com cortes drásticos.
- Empresas tecnológicas -
A complexa relação e as rivalidades pessoais de Musk com as principais empresas de tecnologia do Vale do Silício remontam a décadas.
Trump terá que estabelecer relacionamentos com estes chefes e espera-se que Musk enfrente uma infinidade de conflitos de interesse.
Será que Musk, que possui sua própria empresa de inteligência artificial, conseguirá ficar calado se Trump defender a OpenAI, empresa apoiada pela Microsoft em cuja criação Musk desempenhou um papel fundamental há uma década?
Se o fundador da Amazon, Jeff Bezos, conseguir que Trump o ouça, será que Musk toleraria que um rival da SpaceX se aproximasse do santuário interno da Casa Branca?
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