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Ex-marido de Gisèle Pelicot elogia 'coragem' da ex-mulher no último dia do julgamento por estupro

16/12/2024 08h22

Dominique Pelicot, o principal acusado do macrojulgamento por estupro na França, elogiou nesta segunda-feira (16) a "coragem" da ex-mulher, Gisèle, a quem ele drogou por uma década para estuprá-la com homens desconhecidos, em suas últimas palavras antes do anúncio da sentença na quinta-feira (19).

"Gostaria de começar por saudar a coragem da minha ex-mulher", afirmou o homem de 72 anos no último dia de audiências no tribunal de Avignon, sul da França, onde também pediu que sua família aceite suas "desculpas".

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"Lamento o que fiz, fazer sofrer (minha família) por quatro anos (quando os crimes foram revelados), peço perdão", disse.

Quase 15 dos 51 réus ? um deles julgado à revelia ? aproveitaram a última oportunidade de tomar a palavra para pedir desculpas à vítima, que permaneceu impassível, embora alguns deles também tenham seguido com a linha de defesa: eles se consideram "vítimas da manipulação" de Dominique Pelicot.

Com as últimas palavras dos acusados, o julgamento foi interrompido para aguardar a sentença. O presidente do tribunal, Roger Arata, afirmou que a leitura do veredito está prevista para quinta-feira a partir das 8H30 GMT (5H30 de Brasília). Ele ressaltou, no entanto, que se as deliberações tomarem mais tempo, a sentença pode ser adiada para sexta-feira.

Desde 2 de setembro, cinco magistrados julgam Dominique Pelicot por administrar medicamentos fortes à sua agora ex-esposa sem o consentimento dela entre 2011 e 2020 para que ela adormecesse e fosse estuprada na residência do casal por dezenas de desconhecidos contatados pela internet.

O julgamento transformou Gisèle Pelicot em um símbolo mundial da luta contra as agressões sexuais que afetam as mulheres, em particular devido à sua recusa de um processo a portas fechadas e seu apoio à divulgação das imagens dos estupros, marcadas pela frase: "Que a vergonha mude de lado".

No último dia do julgamento, a mulher de 72 anos não foi acompanhada por seus filhos e, como aconteceu desde os primeiros dias do processo, o público presente a aplaudiu quando saiu do tribunal, entre gritos de "bravo" e "obrigado".

- "Covardia" -

Além de pedir "desculpas", o ex-marido, contra quem a Promotoria pediu a pena máxima possível de 20 anos de prisão por estupro com agravantes, agradeceu ao tribunal por permitir que ele utilizasse uma cadeira especial durante o julgamento devido ao seu estado de saúde frágil e sua advogada por ajudá-lo a "não baixar os braços".

"Teria sido uma demonstração de covardia para com a minha família e uma maneira fácil para os acusados provarem que tinham razão", acrescentou Dominique Pelicot, que nunca negou os atos e que durante o julgamento contrariou os réus que alegaram que não sabiam que sua agora ex-mulher estava drogada.

O acusado disse que "a privação de não ver (sua) família é pior do que a privação da liberdade".

"Posso dizer a toda a minha família que os amo. Isso é tudo. Eles têm o resto da minha vida em suas mãos", concluiu, dirigindo-se aos cinco juízes profissionais do tribuna, ao quais garantiu que disse toda a verdade.

Quase metade dos outros 50 réus afirmaram apenas "nada a acrescentar" em sua última oportunidade de falar. A maioria também é acusada de estupro com agravantes. O Ministério Público pediu entre 10 e 18 anos de prisão para 49 deles e quatro para o único acusado por "tocar" em Gisèle Pelicot.

"Sra. Pelicot, eu já expressei meus remorsos, minhas desculpas e minha vergonha. Foi a seu corpo que submeti o estupro e sou consciente do que fiz com ele", afirmou Cédric G., 51 anos, um dos poucos réus a pedir perdão.

A defesa de quase 30 acusados pediu a absolvição, por considerar que o principal réu "manipulou" seus clientes ao sugerir um suposto cenário libertino. Apesar do risco de fuga dos 32 réus dos acusados que respondem ao processo em liberdade, Arata confirmou que eles permaneceriam em liberdade até o veredicto.

dac-iw/tjc/zm/fp

© Agence France-Presse

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