Hamas liberta mais três reféns israelenses
O Hamas libertou neste sábado (1) mais três reféns israelenses, incluindo Yarden Bibas, pai dos meninos Ariel e Kfir, de origem argentina, em troca de 180 presos palestinos, na quarta operação do tipo desde a entrada em vigor do acordo de trégua na Faixa de Gaza.
O Exército israelense anunciou que Yarden Bibas (35 anos), o franco-israelense Ofer Kalderon (54) e o israelense-americano Keith Siegel (65), sequestrados em 7 de outubro de 2023, já estão em território israelense, depois que o movimento islamista palestino os entregou à Cruz Vermelha em Gaza.
Israel libertou 182 detentos palestinos e um egípcio, segundo o Clube de Prisioneiros Palestinos.
Um ônibus chegou a Ramallah, na Cisjordânia ocupada, com 25 presos palestinos. Três ônibus chegaram a Gaza com 150 pessoas. Outros oito detentos, incluindo o cidadão egípcio, foram expulsos para o Egito.
Em Tel Aviv, Israel, centenas de pessoas se reuniram em uma praça para acompanhar a libertação dos reféns em um telão.
O israelense Yarden Bibas é pai dos dois reféns mais jovens sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 durante o ataque surpresa contra o território israelense: Kfir e Ariel, que tinham, respectivamente, oito meses e quatro anos.
O pai da família foi libertado sem a esposa Shiri, de origem argentina, nem os dois filhos. Não foi possível determinar o paradeiro dos três.
O Hamas afirmou em novembro de 2023 que a mãe e as crianças morreram em um bombardeio israelense, mas o Exército do país não confirmou a informação e muitas pessoas mantêm a esperança de que os três continuam vivos.
- "Lar ainda está incompleto" -
A família Bibas foi sequestrada no kibutz Nir Oz e, desde então, as duas crianças se tornaram o símbolo do sofrimento dos reféns em Gaza.
A libertação coincidiu com a chegada a Israel do ministro das Relações Exteriores da Argentina, Gerardo Werthein, que deve se reunir com as famílias dos nove argentino-israelenses que continuam sequestrados em Gaza.
"Uma quarta parte de nosso coração voltou para nós depois de 15 longos meses", declarou a família de Bibas em um comunicado. "Mas o lar ainda está incompleto", lamentaram.
No dia do ataque, que terminou com 1.210 mortos, a maioria civis, segundo dados oficiai, o Hamas sequestrou 251 pessoas. Do grupo, 76 continuam em cativeiro, mas o Exército israelense considera que 34 estão mortos.
A ofensiva israelense destruiu o território e provocou as mortes de pelo menos 47.487 pessoas, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo da Hamas, que a ONU considera confiáveis.
Desde o início da trégua, em 19 de janeiro, o Hamas libertou 18 reféns ? 13 israelenses e cinco tailandeses ? em troca de quase 400 palestinos detidos em prisões israelenses, incluindo muitos menores de idade e mulheres.
A próxima troca deve acontecer no sábado 8 de fevereiro, informaram fontes do Hamas.
- Negociações reiniciam na segunda -
Na Faixa de Gaza, vários veículos chegaram a Khan Yunis em meio a uma multidão exultante que se reuniu para receber 150 ex-prisioneiros.
"Vi o choque em seus olhares ao verem Rafah e Khan Yunis destruídas, com montes de escombros e ruas completamente arruinadas", disse Rabi al Jarubi, um morador de Gaza de 40 anos.
As cenas de júbilo se repetiram em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, onde chegaram 25 ex-detidos.
A situação nas prisões israelenses é "difícil" e "trágica", afirmou Ata Abdelghani, de 55 anos, libertado após 23 anos preso.
O Hamas denunciou a "brutalidade" à qual os presos foram expostos nas prisões israelenses.
O acordo de trégua prevê o retorno, em uma primeira fase de seis semanas, de 33 reféns, oito deles mortos, e a libertação de quase 1.900 palestinos.
Durante este período, também é necessário negociar um acordo sobre a implementação da próxima etapa do cessar-fogo, que pretende acabar de maneira definitiva com a guerra iniciada em outubro de 2023 e concluir a libertação dos reféns que continuam vivos.
Netanyahu informou neste sábado que iniciará na segunda-feira, durante sua visita a Washington, as negociações sobre a segunda fase da trégua.
O acordo prevê uma terceira fase, com a reconstrução do território palestino e a devolução dos corpos dos demais sequestrados.
Após a troca deste sábado, a passagem de fronteira entre Rafah, no sul da Faixa de Gaza, e o Egito foi reaberta. Cinquenta pacientes foram transferidos para o território egípcio, informou o Ministério da Saúde do governo do Hamas.
Netanyahu anunciou neste sábado que nomeou o general aposentado Eyal Zamir como chefe do Estado-Maior, após a renúncia de Herzi Halevi no mês passado. Na carta de renúncia, Halevi reconheceu sua "responsabilidade no fracasso do exército em 7 de outubro" de 2023.
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© Agence France-Presse
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