Mark Zuckerberg volta a depor para defender Meta
Mark Zuckerberg voltou aos tribunais de Washington nesta terça-feira (15), no segundo dia do julgamento de sua empresa Meta, matriz do Facebook acusada de comprar o Instagram e o WhatsApp para sufocar possíveis concorrentes.
O bilionário, que fez de tudo para evitar o julgamento federal, falou na segunda-feira sobre o início do Facebook.
Nesta terça, assegurou que os dois aplicativos não teriam prosperado tanto sem os investimentos do grupo.
"A integração do Instagram afinal transcorreu muito bem", disse. "Conseguimos adicionar muito mais valor ao serviço do que inicialmente teria pensado", completou.
Depois da aquisição, "ganhamos confiança na nossa capacidade de identificar aplicativos de alto potencial, que poderíamos fazer crescer mais rapidamente comprando", acrescentou.
O julgamento é um revés para Zuckerberg, que intensificou sua relação com o novo governo do presidente Donald Trump na esperança de resolver o caso fora dos tribunais e evitar oito semanas de audiências na corte federal.
O caso está sendo julgado cinco anos após a queixa ter sido apresentada durante o primeiro governo Trump. Em caso de derrota, a Meta pode ser forçada a se desvincular do Instagram e do WhatsApp.
A autoridade americana de defesa da concorrência, a FTC (Federal Trade Commission), considera que a Meta (então Facebook) abusou de sua posição dominante para comprar o Instagram em 2012 por um bilhão de dólares (5,87 bilhões de reais) e o WhatsApp por 19 bilhões (111 bilhões de reais) em 2014.
Essas aquisições permitiram "eliminar ameaças imediatas", acusou o representante da FTC na segunda-feira.
O advogado da Meta alegou que foram "casos de sucesso" para os consumidores.
Daniel Matheson, advogado da FTC, mostrou, nesta terça, a Zuckerberg e-mails de 2012, nos quais o ex-diretor financeiro do Facebook menciona possíveis razões para comprar start-ups como Instagram, inclusive a de "neutralizar um concorrente".
Em sua resposta, o dirigente admitiu este fator de decisão, entre outros.
"Não me lembro", esquivou-se nesta terça. "Não sei exatamente o que estava pensando neste momento".
O Google foi considerado culpado de abuso de posição dominante no mercado de buscas on-line em agosto do ano passado. Apple e Amazon também são alvos de ações judiciais.
- 'Ganhar minutos' -
No caso da Meta é fundamental definir o que se entende por mercado de referência.
Para as autoridades americanas, os serviços da Meta entram na categoria de "redes sociais pessoais", que permitem às pessoas manter contato com familiares e amigos.
Outras grandes plataformas, como as populares TikTok e YouTube, não pertencem a essa categoria.
A empresa do Vale do Silício diverge. Facilitar as amizades e as relações familiares "é definitivamente parte do que fazemos, mas essa atividade não avançou de forma real em comparação com outros aspectos", ressaltou Zuckerberg ao tribunal na segunda-feira.
Durante o julgamento, a defesa da empresa insistirá também na concorrência entre suas plataformas e as de seus rivais, que inovam e regularmente acrescentam novas funções para "ganhar minutos de atenção dos usuários".
Atualmente, o Instagram tem 2 bilhões de usuários em todo o mundo. Um sucesso que o bilionário atribuiu a investimentos substanciais da Meta.
Zuckerberg inclusive afirmou que se o Snapchat tivesse aceitado se unir ao Facebook, o grupo teria "acelerado seu crescimento".
"Lembro que disse: 'Conosco, o Snapchat teria bilhões de usuários'. E acho que ainda não conseguiram dez anos depois", afirmou.
A FTC, por sua vez, tentará provar que o monopólio da Meta no mercado de "redes sociais pessoais" resultou em uma degradação do uso para os usuários, que são forçados a tolerar muitos anúncios e mudanças bruscas.
Essa é uma das cinco principais ações antimonopolistas empreendidas nos últimos anos pelo governo americano no setor de tecnologia.
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© Agence France-Presse
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