Próximos a locais de competição, motéis atraem turistas na Rio 2016
Os hotéis não aparecem como a única opção de hospedagem para turistas que vão acompanhar a Rio 2016, a partir de agosto. Muitos têm procurado motéis como hospedagem. No motel Corinto, por exemplo, no bairro de Vila Isabel, zona norte do Rio, os quartos estão praticamente reservados durante o evento, disse à Agência Brasil a gerente de reservas do estabelecimento, Christiane Kilesse. Das 92 unidades, 55 foram destinadas para turistas, incluindo famílias. O motel fez a experiência na Copa do Mundo e decidiu repetir na Olimpíada. Suíte presidencial do Corinto, em Vila Isabel, foi preparada para receber turistas durante a Rio 2016 Há dois anos, segundo a gerente, foi implantado um sistema de hotelaria, com a cobrança de diárias para atender a clientes corporativos e a agências de turismo, e decoração também foi alterada "para tirar aquela imagem de motel". Os canais com filmes eróticos são bloqueados para famílias, por exemplo. Crianças até dez anos não pagam. Os preços das diárias variam de R$ 450 para duas pessoas no quarto básico até R$ 1,7 mil, na suíte presidencial. O hóspede contará ainda com serviços 24 horas, que incluem arrumação e restaurante. De acordo com a gerente, um dos principais atrativos é a proximidade com o Maracanã, onde ocorrerão as cerimônias de abertura e encerramento e os jogos de futebol masculino e feminino, e a facilidade de acesso para outras regiões da cidade . "Não tem mais o estigma de ficar hospedado em um motel, e não em hotel", disse Christiane Kilesse. "O próprio brasileiro está vencendo esse preconceito", acrescentou. Outro motel que também irá receber turistas é o Nosso Hotel, situado na Avenida Niemeyer, zona sul da cidade. A gerente Márcia Costa disse que ainda há vagas. Segundo ela, os 43 quartos estão reformados e há camas dobráveis, que permite alojar uma terceira pessoa."É bem diferente hoje o atendimento de motel. Mudou muito", disse. Motel faz adequação para hospedar turistas, incluindo famílias, na Rio 2016. Na foto, o motel Corinto As duas gerentes informaram que serão mantidas entradas e garagens privativas para os clientes tradicionais. A vez dos motéis O diretor regional do Rio de Janeiro da Associação Brasileira de Motéis (ABMotéis), Antonio Cerqueira, estima que a procura por hospedagem para os jogos deve crescer a partir deste mês. De acordo com Cerqueira, 90% dos quartos da rede hoteleira do Rio foram reservados pelo Comitê Olímpico para delegações e turistas estrangeiros, e 10% estão sendo reservados diretamente com clientes ou agências de viagem. Por isso, aposta na oportunidade de os motéis acolherem os turistas, principalmente os que ficam mais próximos dos locais onde haverá competições. O diretor lembrou que movimento semelhante ocorreu durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula da Terra ou Rio 92, e na Copa de 2014. "Em vários eventos grandes, os motéis foram usados também [para hospedagem]". A maioria dos motéis fez reformas nas instalações para poder receber os turistas. Muitos também promoveram cursos de capacitação e treinamento com funcionários visando a aprimorar o atendimento. Em todo o estado do Rio de Janeiro, há 300 motéis, sendo 182 na capital. "Assim que os hotéis forem tendo lotação esgotada, deve aumentar a procura pelos motéis. Alguns já têm reservas feitas, mas nenhuma de grupo ou delegação. São turistas que vêm para assistir à Olimpíada", disse. Antonio Cerqueira disse que a expectativa é que a ocupação dos motéis da cidade do Rio de Janeiro aumente em torno de 40% a 50%. Com a crise econômica, a motelaria está sofrendo as mesmas dificuldades registradas na hotelaria. "Estamos com a ocupação abaixo de 50%, na média", afirmou. O setor moteleiro emprega 12 mil pessoas no estado. O setor movimenta anualmente R$ 3,5 bilhões no país, com registro de 100 milhões de pessoas hospedadas a cada ano. A perspectiva da entidade para 2016 era crescer 20% em faturamento. Diante do cenário atual de crise, os motéis sofreram retração de 10% a 15% na procura e aumento de custos de cerca de 20%, principalmente com energia elétrica, segundo a associação.
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