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Declarações de Obama e Trump geram dúvidas sobre relações entre EUA e Cuba

José Romildo - Correspondente da Agência Brasil

26/11/2016 16h18

Barack Obama disse que Fidel Castro foi uma figura singularAgência Lusa/EPA/Christophe Petit Tesson/Direitos Reservados A morte de Fidel Castro, uma das personalidades globais mais importantes e polêmicas dos últimos 50 anos, provocou hoje (26) reações diferentes do atual e do futuro presidente dos Estados Unidos. O presidente Barack Obama, que fez do restabelecimento de laços diplomáticos com Cuba um marco de seu governo, disse neste sábado que os Estados Unidos estendem a mão da amizade ao povo cubano. Já o presidente eleito Donald Trump, que está passando o fim de semana em seu resort em Palm Beach, na Flórida, divulgou duas mensagens sobre a morte de Fidel Castro. Na primeira, ele se limitou a dizer pelas redes sociais a seguinte frase: "Fidel está morto". Em outra declaração, divulgada horas mais tarde, Donald Trump se referiu a Fidel como um "ditador brutal que oprimiu seu próprio povo por quase seis décadas". As declarações em sentido oposto de Obama e de Trump provocam indagações de especialistas sobre o futuro das relações entre os Estados Unidos e Cuba. Pelo lado de Trump, o que está valendo é uma declaração que ele fez, durante a campanha eleitoral, em um comício em Miami, em setembro. Trump disse, na época, que pretendia reverter ações empreendidas pelo presidente Barack Obama com relação a Cuba, a menos que o regime cubano comece a reconhecer a "liberdade religiosa e política" e libertar prisioneiros políticos. Na declaração divulgada hoje, Trump diz que o "legado de Fidel Castro é [marcado] por  pelotões de fuzilamento, roubo, sofrimento inimaginável, pobreza e a negação dos direitos humanos fundamentais". Segundo Donald Trump, "Cuba continua a ser uma ilha totalitária". Ele acrescentou: "Espero que hoje marque um afastamento dos horrores duradouros, e [abra um caminho] para um futuro em que o maravilhoso povo cubano finalmente viva na liberdade que tão ricamente merece".

Trump disse que seu governo "fará tudo o que puder para  garantir que o povo cubano possa finalmente iniciar seu caminho rumo à prosperidade e à liberdade". O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, se referiu a Fidel como um "ditador brutal que oprimiu seu próprio povo por quase seis décadas"     Shawn Thew / EPA / Lusa Obama: Fidel foi uma figura singular Já a declaração de Obama enfatiza a amizade. "Sabemos que esse momento enche os cubanos - em Cuba e nos Estados Unidos - de emoções poderosas, lembrando as inúmeras maneiras pelas quais Fidel Castro alterou o curso das vidas individuais, das famílias e da nação cubana. A história registrará e julgará o enorme impacto dessa figura singular no povo e no mundo ao seu redor", disse.

Obama afirmou que, por quase seis décadas, a relação entre os Estados Unidos e Cuba foi marcada pela discórdia e profundos desentendimentos políticos. "Durante a minha presidência, trabalhamos muito para colocar o passado para trás,  prosseguindo [em direção] a um futuro no qual a relação entre os nossos dois países não é definida pelas nossas diferenças, mas pelas muitas coisas que partilhamos como vizinhos e amigos - laços de família, cultura, comércio e humanidade comum. Este engajamento inclui as contribuições dos cubano-americanos, que tanto fizeram pelo nosso país e que se preocupam profundamente com seus entes queridos em Cuba", disse Obama.

Em relação à morte de Fidel Castro, Obama disse: "Hoje, oferecemos condolências à família de Fidel Castro, e nossos pensamentos e orações estão com o povo cubano. Nos próximos dias, eles vão recordar o passado e também olhar para o futuro. Como eles, o povo cubano deve saber que eles têm um amigo e parceiro nos Estados Unidos da América".

Os fatos que fazem a história Fidel Castro governou Cuba desde 1959, quando se tornou o primeiro-ministro. Em 2008, Fidel transferiu o poder para seu irmão, Raul Castro. Seguem abaixo os principais fatos que marcaram Cuba desde a ascensão de Fidel Castro ao poder: 1959: Depois de liderar uma guerrilha, Fidel Castro depõe o ditador cubano Fulgêncio Batista e torna-se primeiro-ministro de Cuba.
1962: Os Estados Unidos impuseram o embargo econômico a Cuba, que permanece até hoje.
1961: Exilados cubanos apoiados pela CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) lançaram uma invasão fracassada da Baía dos Porcos.
1962: A colocação do armamento nuclear soviético na ilha provocou a Crise de Mísseis de Cuba. Durante 13 dias o mundo chegou muito próximo a uma guerra atômica entre Estados Unidos e União Soviética.
1991: O colapso da União Soviética, que dava apoio financeiro a Cuba, desencadeou uma crise econômica em território cubano.
1996: Jatos cubanos derrubaram dois pequenos aviões operados por um grupo ativista, acusado pelo governo cubano de espionagem.
1999-2000:Houve uma batalha sobre a custódia Elián González, um menino resgatado quando um barco que o transportava para os Estados Unidos virou. A batalha envolveu parentes de Elián nos Estados Unidos e em Cuba. Gonzalez foi finalmente devolvido a Cuba.
2008: Fidel Castro transfere o poder a seu irmão, Raúl Castro.
2014: O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o presidente cubano, Raúl Castro, anunciam uma aproximação diplomática.
2016: Obama se torna o primeiro presidente dos Estados Unidos a visitar a ilha em 88 anos.
2016: Fidel Castro morre aos 90 anos.