Após denúncia de vazamento de resíduos, empresa vai avaliar qualidade da água
Após denúncia do Ministério Público do Estado da Bahia (MPE) de vazamento de resíduos de mineração em um dos mananciais de Jacobina, na Bahia, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) começa hoje (20) a realizar coletas de amostras no Rio Itapicuruzinho, para avaliar a qualidade da água. A informação é da companhia que recebeu a recomendação do MPE para suspender o fornecimento de água de mananciais afetados pela mineração. A Jacobina Mineração e Comércio nega qualquer vazamento. Após uma inspeção realizada pelo Ministério Público, foram detectados resíduos líquidos decorrentes da mineração de ouro, na zona rural de Jacobina "em áreas próximas a residências, sítios e praças públicas e por onde passam rios que preenchem as barragens responsáveis pelo abastecimento humano de água no município". No caso do Rio Itapicuruzinho, cujas amostras serão avaliadas pela Embasa, os resíduos eram visíveis e de coloração "amarelada e barrenta", em direção ao leito do rio. A vistoria foi realizada na Fazenda Itapicuru, onde está localizada "a planta industrial e de exploração mineral da mineradora Jacobina Mineração e Comércio Ltda.", controlada pela empresa multinacional Yamana Gold Inc. Após as constatações de vazamento pelo MPE, o promotor de Justiça Pablo Almeida emitiu uma série de recomendações emergenciais à mineradora, à Embasa, ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia (Inema) e à prefeitura de Jacobina. Recomendações do MPE Além da interrupção do fornecimento de água de mananciais afetados pela atividade de mineração, foi recomendado que a Embasa procure identificar a possível presença de resíduos de combustível, cianeto, alumínio, entre outros elementos tóxicos, na água fornecida na cidade. Em nota, a Embasa confirmou a suspensão da captação de água no Rio Itapicuruzinho desde ontem (19) e o início das análises na água a partir de hoje (20). Ainda segundo a empresa de saneamento, nas últimas análises periódicas não foram detectados indícios de contaminação. No entanto, a Embasa garantiu que, mesmo assim, "não captará água do rio Itapicuruzinho" e abastecerá o município por meio de outros mananciais que atendem a cidade. Ao Inema e à prefeitura de Jacobina foi recomendada a intensificação da fiscalização, "com a realização de coleta de amostras de solo, água e efluentes em pelo menos dez pontos georreferenciados para realização de análise técnica do material coletado". Procurados pela reportagem, o Inema e a Prefeitura de Jacobina não atenderam ou não retornaram até o fechamento desta matéria. À mineradora Jacobina Mineração, o MPE determinou a "interrupção imediata" de lançamento de resíduos no meio ambiente e a disponibilização, de forma emergencial, de água potável para consumo humano e de animais, por pelo menos 15 dias, nas comunidades de Itapicuru, Canavieira e Jabuticaba. O Ministério Público pediu ainda que a mineradora procure identificar pessoas com sintomas de intoxicação. Em nota, a Jacobina Mineração e Comércio nega "qualquer ocorrência" na região dos rios que abastecem a cidade de Jacobina que possam causar riscos à saúde de pessoas e animais. Ainda em nota, a empresa informa que houve um "fluxo hidráulico de água limpa", no Rio Itapicuruzinho e "refuta qualquer alegação" de acidente ambiental. Além disso, a multinacional nega a existência de alterações nas águas dos rios e alega que a fiscalização feita pelo MPE foi unilateral e "sem a participação da empresa", que não foi provocada a "se manifestar sobre o evento antes da veiculação da notícia". A Jacobina Mineração e Comércio finaliza informando que "seu sistema de gestão ambiental possui rígidos procedimentos de segurança operacional, de saúde e meio ambiente", que visam a cumprir a legislação. Além da suspeita de contaminação da água, a inspeção do MPE detectou a morte de 23 animais na região onde está a planta de extração da mineradora. Entre os animais, foram encontrados cachorros, galinhas, patos e peixes. Exames técnicos serão feitos em um cachorro morto, recolhido pela Polícia Civil. O promotor destacou que esta não é a primeira vez que ocorre vazamento de resíduo de mineração na região: segundo ele, em 2008 houve o transbordamento de um dos tanques de resíduos finos da empresa, de material contaminado com cianeto, que atingiu o mesmo rio Itapicuruzinho.
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