Na Marcha pela Ciência, pesquisadores pedem mais apoio para o setor no Brasil
Marcha pela Ciência: em Brasília, os manifestantes reuniram-se em frente ao Museu da República, na zona central da cidade, e saíram em caminhada pela Esplanada dos Minístério
* Reportagem Elaine Patrícia Cruz (São Paulo), Mariana Branco (Brasília) e Akemi Nitahara (Rio de Janeiro)
Cientistas, professores, pesquisadores e estudantes reuniram-se hoje (22) em vários pontos do mundo para participar da Marcha pela Ciência. O objetivo é destacar a importância da pesquisa científica para o mundo. O ato foi convocado em mais de 500 cidades no mundo. A marcha lembra ainda o Dia da Terra, comemorado neste sábado. A inspiração para o ato veio dos Estados Unidos, onde cientistas estão se articulado contra os cortes no orçamento da área de pesquisa e o posicionamento do governo de Donald Trump em relação a temas como o aquecimento global. No Brasil, mais de 20 cidades convocaram a marcha. Os participantes pediram mais recursos e apoio para a pesquisa e a ciência. Os organizadores informaram que a marcha é apartidária e pacífica. São Paulo Em São Paulo, apesar da chuva, os manifestantes reuniram-se no Largo da Batata, zona oeste da capital. No local, foram montadas tendas onde as pessoas podiam obter, por exemplo, informações sobre a dengue. Também foi montado um pequeno palco para os discursos. O número de manifestantes não foi informado. O pesquisador Joaquim Adelino de Azevedo Filho e presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APQC) disse que o ato é mundial e visa a demonstrar a importância da ciência. "Há 40 anos, logo depois da 1ª Guerra Mundial, o Brasil importava sementes de hortaliças e frutas. Com a guerra, isso ficou inviável. O Brasil teve então que investir em pesquisas para produzir aquilo que a população estava acostumada a comer", disse, acrescentando que os 19 institutos científicos do estão "há 20 anos sofrendo um desmonte". A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, ressaltou que o ato de é mundial e apartidário. "Ele está presente em mais de 60 países e 600 cidades e 25 delas no Brasil. Hoje é o dia do Planeta Terra. Está sendo uma marcha pela ciência porque algumas pessoas passaram a questionar o valor da ciência", explicou. Helena Nader disse aind que a ciência no país vive uma crise."A produção científica está indo muito bem, com aumento do número de publicações e da qualidade medida pelo impacto. No entanto, quando se olha o financiamento, ele está inversamente proporcional. Com o contingenciamento, não temos como sobreviver. E isso não vem deste ano. Vem de alguns anos", acrescentou. Brasília Em Brasília, os manifestantes reuniram-se em frente ao Museu da República, na zona central da cidade. Acompanhados por um caminhão de som e portando faixas, cartazes e balões eles marcharam pela Esplanada dos Ministérios em direção ao Congresso Nacional. Lá, espetaram os balões no gramado como forma de chamar a atenção dos parlamentares. A conselheira da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e professora da Universidade de Brasília (UnB) Laila Espíndola destacou a diminuição de recursos para o setor e a fusão entre o antigo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e a pasta das Comunicações."Já está começando a Escolha de Sofia. Estamos tendo que escolher onde alocar recursos", afirmou a professora, uma das organizadoras da marcha no Distrito Federal. No início do ano, o governo federal contingenciou recursos de várias áreas por causa do ajuste fiscal. Rio de Janeiro No Rio de Janeiro, embaixo de chuva, o ato ocorreu pela manhã em frente ao Museu Nacional, na zona norte da cidade. Levando tesouras, os participantes protestaram contra o corte no orçamento do ministério. No Rio de Janreiro, o ato ocorreu pela manhã em frente ao Museu Nacional, na zona norte da cidade A presidenta do sindicato dos trabalhadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Justa Helena, lembra que, sem investimento de grande porte, a pesquisa não avança. "Por exemplo, se não tivesse tido pesquisa em relação à febre amarela, hoje a gente não poderia produzir as vacinas para a febre amarela que estão salvando muitas vidas no nosso país. É um processo lento, mas que precisa caminhar". O diretor do Instituto Oswaldo Cruz, Wilson Savino, que compareceu ao evento representando a presidência da Fiocruz, afirma que os cortes de verba têm afetado as pesquisas. "Vai ser um atraso muito maior nosso em relação ao desenvolvimento da ciência no mundo como um todo. É o que a gente pode chamar de tiro no pé, não investir em ciência e tecnologia e em educação quando um país está em crise econômica." O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, destaca que a ausência de recursos desestimula os jovens a ingressarem no mundo científico. "Se não tem bolsas de iniciação científica em quantidade suficiente, se os laboratórios estão desorganizados e desconstruídos, se projetos de pesquisa têm que ser interrompidos por falta de verba, é claro que isso é uma sinalização objetiva para a juventude: se afastem da ciência".* Reportagem Elaine Patrícia Cruz (São Paulo), Mariana Branco (Brasília) e Akemi Nitahara (Rio de Janeiro)
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