Cracolândia muda de lugar pela quarta vez desde megaoperação policial
A concentração de usuários de drogas da Cracolândia, na região da Luz, no centro da capital paulista, mudou hoje (31) novamente de lugar. É a quarta vez que a aglomeração de pessoas é deslocada desde a megaoperação policial ocorrida em 21 de maio, que retirou o chamado fluxo da esquina da Rua Dino Bueno com a Rua Helvétia. O movimento ocorreu de forma tranquila, apesar da presença de forte contingente da Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana. Agora, os moradores e frequentadores estão concentrados na chamada Praça do Cachimbo, localizada na esquina com a Rua Helvétia, de onde tinham sido retirados há cerca de duas semanas, em ação com uso de bombas de gás e força policial. No período, o grupo ficou estabelecido na Praça Julio Prestes, enquanto a outra era reformada. A principal mudança na Praça do Cachimbo é a substituição dos paralelepípedos por um chão cimentado para evitar que sejam retirados. Os usuários ouvidos pela Agência Brasil admitiram que lançavam pedras contra os policiais em momentos de conflito. A Polícia Militar disse que a mudança de hoje foi planejada para garantir mais segurança, principalmente porque retirou os usuários do ponto com maior circulação de pessoas e veículos. Segundo a corporação, a reforma da praça foi pensada para que o local voltasse a receber o grupo. Em maio, logo após a ação policial, os usuários de drogas foram para a Praça Princesa Isabel, onde permaneceram até serem levados para a Praça do Cachimbo. No último dia 14, outra ação da Polícia Militar levou as pessoas a se concentrarem na Praça Julio Prestes, em frente a estação de trens e da Sala São Paulo, que recebe concertos de música erudita e eventos. Programa Redenção Por ocasião da ação de maio, o prefeito João Doria chegou a anunciar o fim da Cracolândia, mas o número de pessoas no grupo ainda é considerável. Nos últimos meses, a administração municipal colocou em funcionamento o Programa Redenção, em substituição ao De Braços Abertos, baseado em redução de danos, implantado pela gestão anterior. Foram instalados contêineres adaptados para a pessoas fazerem pernoite, refeições e uso de banheiro. Um dos focos do programa é convencer os usuários a se internarem para fazer tratamento. Relatório conjunto elaborado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP), Defensoria Pública e conselhos de classe, divulgado na última terça-feira (29), mostrou diversas falhas no Programa Redenção. Segundo o documento, a iniciativa da prefeitura é ineficaz. Foram apontadas falhas como falta de alternativa à internação, inexistência de um projeto terapêutico individualizado, falta de profissionais nas unidades de saúde, ociosidade dos pacientes durante a internação e falta de acompanhamento após a desintoxicação. O coordenador chefe do Programa Redenção, Arthur Guerra, participou da apresentação do relatório e disse que todos os ajustes citados serão cumpridos. "Não achamos que a internação seja um mecanismo mágico, milagroso, que vai resolver o problema dos pacientes. Em nenhum lugar do mundo é assim. Desenvolvemos um núcleo gestor que tem a função de ir aos hospitais e identificar para onde o paciente internado vai quando sair", disse Guerra.
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