Ação da polícia acha R$ 400 mil com delegado suspeito de fraudar contratos
Uma ação da Polícia Civil encontrou nesta sexta-feira (20) mais de R$ 400 mil na casa do delegado José Brandini Júnior. Ele é investigado por fraude em contratos públicos.
O que aconteceu
Agentes apreenderam o equivalente a mais de R$ 400 mil na casa do delegado, incluindo moedas estrangeiras. A ação ocorreu durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão pela corregedoria da Polícia Civil contra Brandini, que é chefe da Divisão de Tecnologia da Informação do Departamento de Inteligência da Polícia Civil de São Paulo. Os representantes legais do delegado alegam inocência e dizem que o dinheiro é de origem lícita (veja mais detalhes da nota abaixo).
Ele é investigado por fraudes de contratos públicos em denúncia analisada pelo MP. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que o delegado já foi afastado do cargo que ocupa.
Delegado também é suspeito de providenciar RGs falsos para líderes do PCC. O UOL apurou que Brandini pode ter auxiliado o narcotraficante Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, a tirar a segunda via da carteira de identidade falsa em Taboão da Serra (Grande São Paulo) em abril de 2021. Questionada, a SSP contestou a informação (veja abaixo a nota na íntegra).
Brandini já foi investigado por suspeita de fraude no Detran. Em 2010, a Corregedoria da Polícia Civil e o Ministério Público investigaram o envolvimento de quatro delegados que atuaram no departamento pela contratação sem licitação de ao menos 13 empresas de informática responsáveis pelo sistema de registro de veículos e de formação de motoristas.
O que dizem a defesa de Brandini e a SSP
Dinheiro apreendido é de origem lícita, diz defesa. "[Bens apreendidos] possuem origem absolutamente lícita e serão comprovados às autoridades competentes no curso das investigações", diz nota assinada pelos advogados Marcelo Amaral Colpaert Marcochi e Fabio Rabello de Souza.
Advogados alegam inocência. "Estamos certos de que será comprovada a idoneidade do Dr. José Brandini Júnior, que há mais de três décadas dedica-se com excelência à Polícia Civil do Estado de São Paulo, mantendo uma trajetória profissional impecável e sem qualquer mácula", complementa o texto assinado pelos representantes legais do delegado.
A SSP confirma que cumpriu mandados de busca e apreensão. A nota cita apenas um delegado investigado por fraude de contratos públicos, mas não informa a identidade do agente público. O UOL apurou que trata-se do delegado Brandini.
Pasta confirma o afastamento do agente do cargo à Justiça. "As equipes da corregedoria apreenderam R$ 200 mil e 30 mil euros em espécie", diz a pasta, totalizando mais de R$ 400 mil na conversão para reais.
O cumprimento dos mandados faz parte de uma investigação iniciada na Polícia Civil para combater desvios de conduta e práticas ilícitas, reafirmando o compromisso da instituição com a legalidade.
Trecho da nota da SSP
Nome falso para adquirir empresa de ônibus
Cara Preta usou outro nome com base em documento falso para adquirir uma das maiores empresas de ônibus da zona leste de São Paulo. Ubiratan Antônio da Cunha, presidente afastado da UPBus, também foi preso nesta sexta-feira por suspeita de lavagem de dinheiro e organização criminosa devido ao elo com o PCC.
Narcotraficante supostamente beneficiado pelo delegado teria sido morto a mando de delator do PCC. Cara Preta foi assassinado a tiros em dezembro de 2021, no Tatuapé, junto com o motorista Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, apontado como o delator do PCC e autor de denúncia contra policiais corruptos morto no aeroporto de Guarulhos em novembro, foi acusado e processado como o mandante do duplo homicídio de Cara Preta e Sem Sangue.
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