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Informações de moradores da Rocinha podem determinar prisão de traficantes

Cristina Índio do Brasil - Repórter da Agência Brasil

23/09/2017 16h19

 Operações das Forças Armadas prosseguiram hoje no segundo dia de ocupação da Rocinha, no Rio de JaneiroVladimir Platonow/Agência Barsil O secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, e o comandante da 1ª Divisão de Exército, general Mauro Sinott, que coordena as operações conjuntas das forças de segurança federais e estaduais, disseram hoje (23), em entrevista, que contam com a participação dos moradores da Rocinha para receberem informações que possam levar à prisão de traficantes e à localização de armamentos e drogas na comunidade. Para eles, as informações complementam as ações integradas que estão sendo realizadas no Rio de Janeiro. "Moradores da Rocinha denunciem, denunciem porque a polícia vai checar qualquer informação. Nós queremos devolver a paz, queremos o retorno da tranquilidade", disse o secretário, acrescentando que, na situação atual em que há o reforço e o trabalho integrado, fica mais fácil verificar qualquer informação. Ele garantiu que as operações dos agentes estaduais vão continuar na Rocinha por tempo indeterminado. "Como nós somos forças do estado e temos o dever de estar presentes seja com a prevenção, seja com a investigação, a nossa presença é por tempo indeterminado. O tempo que as Forças Armadas puderem ficar, [elas] irão somar, mas essa permanência só o Ministério da Defesa poderia dizer até quando poderá durar. O tempo que puder ficar será muito útil para nós", explicou. O coordenador das operações integradas também assegurou que não há, até o momento, limite de tempo para a permanência dos militares na comunidade. "Não temos um prazo para sair. Estamos com bom rendimento na operação e, no momento, não estamos planejando a saída. Poderá ocorrer, mas não está sendo tratada neste momento", afirmou. O secretário de Segurança e o general avaliaram que são positivos os resultados - até agora - das operações integradas na Rocinha. Para eles, a situação é de estabilidade. "Houve uma estabilidade que está sendo mantida e conseguimos êxito em efetuar cinco prisões apreender 16 fuzis, uma pistola e sete granadas", frisou o secretário. Mandado coletivo Ele disse, também, que não tem notícia de que há entrada de agentes em moradias da favela sem permissão por meio de mandados de busca e apreensão, conforme denúncias feitas por moradores. Sobre a possibilidade de pedir à justiça a liberação de mandados coletivos que permitiriam a entrada em qualquer imóvel da Rocinha sem a identificação da pessoa que estaria sendo procurada ou do que está sendo procurado, Roberto Sá afirmou que a necessidade do pedido ainda está sendo avaliada. "Em casos como este essa hipótese sempre é estudada, mas varia muito da oportunidade e da conveniência de se fazer essa representação. [O tema] está sendo avaliado até porque a Rocinha todos sabemos a dimensão que tem com o número de domicílios e de habitantes", especificou. O secretário considerou as operações na Rocinha bastante complexas, especialmente porque podem ter desdobramentos em outras áreas da cidade. "Nós temos conhecimento, infelizmente, de que há articulação das facções criminosas de diversas áreas. Elas se protegem, auxiliam e a gente está atento a tudo isso. Demonstração desse trabalho de inteligência foi a prisão de um traficante na Ilha [do Governador], do traficante do Caju, que estava auxiliando [o morro de] São Carlos para atuar na Rocinha. Isso mostra a complexidade e o trabalho de inteligência e de prisão com êxito nesta empreitada", revelou. Acesso de moradores O general Mauro Sinott admitiu que, após a chegada das Forças Armadas na tarde de ontem, pode ter havido algum tipo de restrição na circulação de moradores que reclamaram, mas isso se deu em uma orientação da Polícia Militar, dada a intensa movimentação de tropas e veículos dos militares e de agentes estaduais. "Isso trouxe um transtorno e houve um impedimento desse acesso. Até onde tenho conhecimento já voltou a situação de normalidade", afirmou o general. Rendição O secretário de Segurança afirmou, na mesma entrevista, que não há de forma concreta uma negociação entre a secretaria e o traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, para a rendição do criminoso, mas destacou que qualquer pessoa que queira se entregar, a secretaria incentiva o gesto porque a prisão pode ocorrer sem confrontos. "Se ele ou outro quiser se render, vamos efetuar a prisão respeitando todos os direitos constitucionais; se esse ou qualquer outro quiser se entregar, isso será feito porque o que queremos é a prisão sem confronto. Isso é o que desejamos", finalizou.