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Inteligência causou a prisão de traficante Bob do Caju, diz polícia do Rio

Cristina Índio do Brasil - Repórter da Agência Brasil

23/09/2017 18h42


A prisão hoje (23) do traficante Luiz Alberto Santos de Moura, conhecido como Bob do Caju, na Ilha do Governador, na zona norte do Rio de Janeiro, e a apreensão de 10 fuzis na comunidade do Caju, na região portuária, foram feitas após informações obtidas em ações de inteligência de delegacias especializadas da Polícia Civil visando identificar deslocamentos de chefes do tráfico e armamento em poder dos bandidos. O delegado titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) da Polícia Civil, Maurício Mendonça, disse neste sábado que as investigações indicaram onde estavam o traficante e o armazenamento de fuzis que seriam levados do Caju para o Morro de São Carlos, na região central da cidade.
Bob do Caju foi preso no bairro da Cacuia, na casa de uma pessoa com quem ele mantinha contato. Ele pediu abrigo até deixar passar o período das operações policiais no Morro de São Carlos onde estava escondido. "Fizemos duas ações simultâneas; uma que resultou na captura do Bob, na Ilha do Governador, em uma área estritamente residencial, e a outra ação na comunidade do Caju, específica, com o objetivo de apreender esse material. As ações foram feitas com êxito. Nenhum tiro foi disparado. O criminoso foi preso e não reagiu. Estava portando uma pistola", revelou o delegado. Maurício Mendonça chamou atenção para o fato de alguns fuzis apreendidos terem um adesivo com o boneco do desenho animado Fantástico Mundo de Bob, tendo abaixo a inscrição Caju só Paz. "As armas ostentam o símbolo do boneco Bob, fazendo referência a ele, justamente fuzis para serem emprestados e depois ser facilmente identificada a origem do armamento. Por isso, a logomarca é usada", disse. O delegado revelou ainda que a polícia está investigando se Bob do Caju teve algum tipo de participação na tentativa de retomada do poder do tráfico na Rocinha em apoio a Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, preso na penitenciária federal de Porto Velho (RO). Nem é aliado de Bob na facção criminosa. Grupo de criminosos A participação seria por meio da organização de um grupo de criminosos e a entrega de armas que seriam usadas na movimentação. "Há uma possibilidade de ele não ter participado diretamente porque estava ferido. Ele sofreu um tombo de moto e estava bastante machucado no domingo", contou. As armas foram encontradas dentro de um carro na saída da comunidade do Caju e com a chave na ignição  esperando o motorista chegar para levar, possivelmente, até o Morro de São Carlos, de onde seriam distribuídas. "Está sendo apurado se essas armas, efetivamente, foram empregadas [na tentativa de retomada do poder]. Há indícios que sim", acrescentou, destacando, que criminosos da mesma facção, mesmo em comunidades diferentes, sempre se unem para manter o poder. Dos fuzis apreendidos, apenas um é de fabricação nacional. Agora, a Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) vai fazer o rastreamento das armas para saber como chegaram aos traficantes. O trabalho será difícil porque os números de identificação foram raspados, como já aconteceu quando foram apreendidos 60 fuzis no Aeroporto Internacional Galeão/Tom Jobim, em junho deste ano. O delegado revelou ainda que investigações desse e de outros casos indicam que o transporte de armas de uma comunidade para outra tem sido feito por carros dirigidos por apenas uma pessoa. "O armamento hoje circula entre as comunidades em carros normalmente clonados com uma pessoa sozinha [ao volante]. As informações de inteligência revelam que isso é um fato. A pessoa bota o armamento no carro e vai sozinha levando as armas justamente para não despertar a atenção da polícia. O veículo ficou estacionado, pronto para o motorista chegar, dirigir até o local do destino, estacionar e voltar de ônibus, táxi ou de carona. Essa é a dinâmica", finalizou o policial.