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Criação de empregos ajudará a reduzir desigualdade, diz Meirelles

Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil

25/09/2017 20h13

A criação de condições para que o Brasil crie mais empregos é essencial para que o país comece a reduzir a desigualdade, disse hoje (25) o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Em entrevista a jornalistas após uma palestra em Londres, cujo áudio foi divulgado pela assessoria do ministério, Meirelles disse que as reformas propostas pelo governo têm o objetivo de fazer o país voltar a crescer de forma sustentada. "O que nós estamos construindo é um Brasil que cresça mais, que crie mais empregos e que possa distribuir mais a renda. Existem diversas formas de distribuir renda. Uma delas é a mais eficaz de todas é criar emprego. Segundo, criar empregos cada vez melhores. Terceiro, criar condições macroeconômicas que baixem a inflação, porque a inflação penaliza os de renda menor", disse o ministro ao comentar relatório da organização não governamental britânica Oxfam que apontou a forte desigualdade no Brasil. Segundo o estudo, divulgado hoje, os seis maiores bilionários brasileiros têm o mesmo patrimônio que os 100 milhões mais pobres. O levantamento mostrou também que os super-ricos pagam menos tributos que os 10% da população brasileira que ganham menos. De acordo com Meirelles, o levantamento revela uma situação histórica no Brasil, e o caminho para redistribuir renda é ter um governo mais enxuto e que gaste com mais racionalidade. Mesmo assim, o ministro ressaltou que os programas sociais estão sendo expandidos. Ministro da Fazenda, Henrique MeirellesTânia Rêgo/Arquivo/Agência Brasil "O Brasil aumentar o custo da sua máquina não distribui renda. Os programas sociais estão mantidos, na verdade estão sendo expandidos. O que precisamos é ter um governo mais eficiente e enxuto. Isso vai gerar mais recursos para consumo, investimentos e empregos, na medida em que se possam ter discussões mais aprofundadas [sobre a distribuição de renda]", declarou o ministro. Meirelles citou estudos recentes segundo os quais o crescimento econômico dos últimos anos não melhorou significativamente a redistribuição de renda no Brasil. Para ele, o aumento dos gastos públicos não é a forma mais eficaz de combater a desigualdade. "O crescimento do governo nos últimos anos não melhorou a distribuição de renda no Brasil. O importante é fazer o contrário: criar mais emprego, menos inflação, menos juros e mais renda", acrescentou.

Reforma da Previdência

Segundo o ministro, a aprovação da reforma da Previdência é essencial para que o país não enfrente desequilíbrios graves nas contas públicas nos próximos anos. Ele ressaltou que o governo está empenhado em fazer a proposta avançar no Congresso, mas não se comprometeu com um prazo de votação. "Agora é uma questão de discussão. O projeto foi apresentado, discutido pela comissão especial e aprovado lá com modificações. Agora está preparado para ser discutido em plenário. O importante é que estamos enfrentando esse problema". Os juros e a inflação, ressaltou Meirelles, só estão caindo por causa da expectativa da aprovação das reformas. Segundo ele, a população está sentindo o benefício, principalmente por meio da reação do emprego, que voltou a crescer nos últimos meses.

"Os juros no Brasil estão caindo. A inflação está caindo. Isso está beneficiando a população de uma forma muito importante. Uma das razões é exatamente a expectativa das reformas, principalmente desta reforma [da Previdência]. É muito importante que o Brasil comece a criar empregos. Já começou a criar. É importante que esse número cresça", disse. Meirelles advertiu que, se a reforma da Previdência não for aprovada logo, sobrará menos dinheiro para despesas fundamentais do governo, como saúde, educação e obras públicas, por causa do teto de gastos. Segundo ele, a aprovação do limite de gastos e da reforma trabalhista indica que o Congresso tem condições de aprovar as mudanças na Previdência e permitir que o país volte a crescer. "Se a reforma não for feita, dentro de um tempo 80% do Orçamento público será usado para a Previdência. Não teremos dinheiro para a saúde, a educação e investimentos. Nas minhas conversas com parlamentares, de todos os partidos, com exceção da oposição, a estratégia que estou usando é dizer a verdade e esclarecer o que precisa ser feito pelo país", declarou.