Banco Central não espera mais por crescimento do crédito este ano
O chefe do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha
O Banco Central (BC) revisou a projeção para o crédito bancário no país e agora não espera mais por crescimento dos empréstimos. Em junho, a previsão era de crescimento de 1% para o saldo do crédito. Na revisão da estimativa, divulgada hoje (27), o BC passou a prever estabilidade, neste ano, em relação a 2016, quando o saldo chegou a R$ 3,105 trilhões em dezembro. O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, disse que o crédito não está "liderando" a recuperação da economia, mas apenas seguindo a retomada. "A recuperação está acontecendo, mas é bastante gradual. O crédito está seguindo a recuperação". Rocha acrescentou que o crédito para consumo de pessoas físicas, tanto para compra de veículos e casas e o consignado, está avançando, mas os empréstimos para empresas ainda recuam. "O saldo dos empréstimos para pessoas físicas permanece em expansão, há 10 meses seguidos". Em agosto, o saldo do crédito total ficou em R$ 3,046 trilhões, com retração de 0,1% no mês e de 2,2% em 12 meses. No caso das pessoas físicas, o saldo ficou em R$ 1,609 trilhão, com alta de 0,7% no mês e de 4,6%, em 12 meses. No caso das empresas, houve retração de 1% no mês e de 8,8% em 12 meses, com saldo de R$ 1,437 trilhão. Crédito livre e direcionado O BC também revisou as projeções para o crédito livre e direcionado. O crédito livre é aquele em que os bancos têm autonomia para aplicar dinheiro captado no mercado. Já o direcionado tem regras definidas pelo governo, destinados basicamente aos setores habitacional, rural e de infraestrutura. A projeção do BC para o crédito livre passou de estabilidade para crescimento de 0,5% e a do direcionado, de crescimento de 1% para queda de 0,5%. A maior parte do saldo do crédito livre, que somou R$ 1,526 trilhão em agosto, é para pessoas físicas (R$ 828,1 bilhões). O saldo do crédito direcionado chegou a R$ 1,520 trilhão em agosto, sendo R$ 738,3 bilhões para empresas e R$ 781,7 bilhões para pessoas físicas. De acordo com Rocha, o crédito direcionado para as empresas não se recuperou ao longo do ano, com companhias ainda endividadas. Rocha falou ainda sobre a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que, segundo ele, foi usada para consumo e também para quitação de dívidas. "Isso pode de fato abrir espaço para pessoas físicas para novas concessões de crédito no futuro. As pessoas físicas, de fato, têm saído na frente com relação às jurídicas".
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