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Ladeira da Misericórida é o novo bem tombado pelo Iphan, no Rio

Fabiana Sampaio - Repórter do Radiojornalismo*

28/09/2017 14h23

Rio de Janeiro - Ladeira da Misericórdia, no centro da capital fluminense, é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico NacionalTomaz Silva/Agência Brasil A Ladeira da Misericórdia, um dos mais importantes vestígios do surgimento da cidade do Rio de Janeiro, localizada no centro, é agora Patrimônio Cultural Brasileiro. O trecho de 40 metros remanescente da ladeira original resistiu ao tempo e às mudanças ocorridas ao seu redor e foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico e Nacional (Iphan). A proposta tramitava no instituto desde 1955 e foi aprovada ontem (27), por unanimidade, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan. Datada do século 16 e já tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), a área compunha o Largo da Misericórdia, ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso, a mais antiga do Rio, e da Santa Casa de Misericórdia, ambos tombados anteriormente pelo instituto nacional. A ladeira é um dos marcos da fundação da cidade e considerada uma das primeiras ruas do Rio, além do primeiro acesso ao Morro do Castelo, movimentado núcleo urbano da época. Conforme explica o professor de Geografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro João Baptista Ferreira de Mello, a estrutura foi construída com técnica chamada pé-de-moleque: "Eram dois ou três escravos e uma mula que fincavam no chão pedras de tamanhos irregulares, como a gente pode ver, pequenas, médias, grandes e enormes que formavam o calçamento". A edificação também tem valor histórico por remontar dois importantes marcos da cidade, afirma o diretor de Patrimônio Material do Iphan, Andrey Schlee. "Primeiro, a própria memória histórica da construção da capital, momento em que a vila do Rio de Janeiro começa a ser construída no Morro do Castelo; e o segundo, da própria destruição do mesmo morro". Ele lembra que no início do século 20, o morro foi destruído para obras de modernização do centro. Preservação O tombamento consolida a importância da ladeira que necessita, agora, de ações de conservação e de visibilidade, cobram moradores e especialistas. Eles criticam o abandono do bem, escondido por veículos que usam o local como estacionamento. "É uma coisa de muita importância tomada por esses carros na frente. Quem chega não entende por que um marco histórico está desprotegido e não consegue passar", reclamou a servidora pública Joanira de Carvalho. "Independente do tombamento, algo extremamente positivo, seria melhor fazer um plano de recuperação", defendeu o historiador Milton Teixeira. "A ladeira hoje, como está, só acaba servindo de abrigo à população de rua. As autoridades têm obrigação de preservá-la", frisou. A partir de agora, o Iphan informou que trabalhará com a prefeitura para garantir a conservação e fiscalização do bem, além de colocar placas de identificação atualizadas no local. Veja em reportagem da TV Brasil Rio imagens da Ladeira da Misericórdia ao longo da história. *Colaborou Isabela Vieira