Coreia do Norte, Catalunha e 1º ano de Trump marcaram o cenário internacional
O cenário internacional em 2017 foi marcado por vários conflitos regionais com repercussões globais, como a crise dos refugiados, o primeiro ano de governo de Donald Trump marcado por decisões polêmicas, a redução dos territórios ocupados pelo Estado Islâmico e a crise nuclear provocada por testes atômicos da Coreia do Norte. Veja um resumo de alguns fatos que ocorreram no mundo: Primeiro ano de Donald Trump Nos Estados Unidos, o grande fato de 2017 foi a posse do presidente Donald Trump, em janeiro. Com um polêmico estilo de administrar focado no mote "América Primeiro", ele provocou reações no mundo inteiro por conta de uma política externa claramente protecionista. Logo no início do seu governo, Trump anunciou que o país iria abandonar a Parceria Transpacífico. Também nos primeiros dias de governo, ele assinou um decreto barrando a entrada de refugiados e cidadãos de sete países muçulmanos, medida que gerou grandes reações internas e externas e uma batalha com a Justiça, fazendo com que a resolução passasse por diversos ajustes até que no final do ano recebeu aprovação para impedir a entrada de cidadãos de várias nações. Outro tema polêmico de Trump foi o prometido muro na fronteira com o México, que ele não conseguiu implementar este ano, mas não está descartado. Trump sofreu outras derrotas. Ele tentou substituir o sistema de saúde do governo anterior, o Obamacare, mas não conseguiu apoio do seu próprio partido. Durante o ano, Trump tentou desviar a atenção do envolvimento de membros de sua equipe com oficiais russos durante a campanha eleitoral de 2016, acusados de prejudicarem a então candidata Hillary Clinton. O assessor de segurança nacional, Michael Flynn, foi obrigado a se demitir, acusado de ter mantido conversas inapropriadas com o embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak. Também demitido, o diretor do FBI, James Comey, depôs no Senado dizendo que o presidente o havia pressionado para que ele abandonasse as investigações. No primeiro ano de governo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a mudança da capital de Israel para Jerusalém Na área de meio ambiente, Trump promoveu cortes na Agência de Proteção Ambiental, reduziu áreas protegidas, aprovou a construção de oleodutos em terras indígenas e adotou medidas para revitalizar a indústria do carvão. No plano externo, o país abandonou em junho o Acordo de Paris de combate às mudanças climáticas, gerando fortes críticas internas e externas e isolando ainda mais os Estados Unidos no cenário internacional. No final de 2017, uma primeira grande vitória no Congresso: a aprovação da reforma tributária, que promove cortes nos impostos para empresas e promete diminuir a carga tributária para a classe média. A medida também deve ter um impacto negativo, pois, sem contrapartida em corte de gastos, a perspectiva é que o déficit anual dos Estados Unidos aumente ao longo da próxima década. Os norte-americanos endureceram a política com Cuba, que havia sido flexibilizada pelo ex-presidente Barack Obama; e adotaram uma postura crítica com várias sanções contra a Venezuela, país imerso em grande crise política e social. No começo de dezembro, Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel, provocando grandes protestos em todo o mundo árabe e uma condenação unânime pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. EUA x Coreia do Norte Na política externa, Trump assustou o mundo por conta da batalha retórica travada com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, depois de uma série de testes nucleares do regime de Pyongyang. Em discurso nas Nações Unidas, o republicano prometeu "destruir totalmente" o país asiático, que denominou "patrocinador do terrorismo". Já a Coreia do Norte reagiu afirmando que os discursos do norte-americano eram uma declaração de guerra e que os Estados Unidos pagariam pelas ameaças. Os norte-coreanos sofreram sanções das Nações Unidas por causa do programa nuclear e de mísseis balísticos. Kim Jong-un disparou mísseis e deixou mundo em apreensão. Imagem de arquivo da Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA) Eleições na Europa Na Europa, o ano de 2017 foi marcado por eleições em países importantes, onde a extrema-direita, apesar de não ter vencido, vinha crescendo e se tornou uma força importante em várias nações, a exemplo da Holanda, França, Áustria e Alemanha. Os resultados trouxeram alívio para o bloco europeu, depois da emergência do nacionalismo com a saída do Reino Unido do bloco, o Brexit, em junho de 2016. A eleição na Holanda, em março, serviu como um primeiro teste e também um freio na extrema-direita na Europa, com a vitória do primeiro-ministro liberal Mark Rutte, que bateu o ultradireitista Geert Wilders, com um discurso antieuropeu e que chegou a liderar as pesquisas. Emmanuel Macron venceu a eleição presidencial francesa e derrotou Marine Le Pen, líder da extrema-direita Na França, em maio, o novato Emmanuel Macron, do movimento En Marche!, renovou a política francesa e, aos 39 anos, venceu a eleição presidencial, derrotando forças tradicionais e, principalmente, a extrema-direita liderada por Marine Le Pen. Na Alemanha, a chanceler conservadora Angela Merkel conquistou seu quarto mandado, em um pleito marcado pela entrada no Parlamento do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), com quase 90 representantes. Catalunha Na Espanha, o conflito independentista na Catalunha esteve no centro do noticiário, quando a região autônoma promoveu um referendo em outubro, no qual a maioria votou a favor da independência, em um pleito conturbado, que resultou em mais de 500 feridos. O referendo foi considerado ilegal pelo governo da Espanha, que suspendeu a autonomia da Catalunha, destituiu o presidente catalão Carles Puigdemont e marcou novas eleições, que ocorreram no último dia 21 de dezembro, com os separatistas ganhando maioria no Parlamento e o direito de indicar o novo presidente. A polêmica, entretanto, continua, uma vez que há divisão entre os próprios catalães, e o governo espanhol já avisou que não vai permitir a independência da região. Referendo na Catalunha foi marcado por protestos e confrontos Brexit As negociações do Reino Unido com a União Europeia (UE) para definir os termos do processo de saída dos britânicos do bloco continuaram. Após meses de debates, em dezembro, os líderes da UE autorizaram o início da segunda fase do Brexit, que visa a definir o período de transição e os futuros laços comerciais entre o bloco europeu e o Reino Unido. As decisões têm de ser aprovadas por todos os Estados-membros da UE e pelo Parlamento Europeu. O acordo que estabelece as relações da saída do Reino Unido da UE abrange aspectos como os direitos dos cidadãos da UE que residem no Reino Unido; os direitos dos cidadãos britânicos que vivem nos 27 países da UE; os compromissos financeiros assumidos pelo Reino Unido enquanto Estado-membro; a sede das agências europeias que se encontram atualmente no país, questões transfronteiriças (especialmente entre o Reino Unido e a República da Irlanda) e compromissos internacionais realizados pelo Reino Unido. Atentados Em 2017, o Estado Islâmico perdeu quase todo o território que controlava. Foi derrotado nas suas duas capitais: Mossul, no Iraque; e Raqqa, na Síria. As perdas reduziram as chances de manutenção e expansão de um califado. No entanto, o número de atentados em outras partes do mundo aumentou, cometidos por simpatizantes, lobos solitários ou pequenos grupos. Foram registrados ataques na Grã-Bretanha, Barcelona (Espanha). Em uma mesquita no norte do Egito, mais de 300 pesoas foram mortas. Na Somália, os ataques foram feitos pelo Al Shabab deixando centenas de mortos. Em Las Vegas, nos Estados Unidos, um atirador americano matou 59 pessoas e deixou pelo menos 527 feridos. Outro atentado ocorreu em Nova York, em 31 de outubro, quando um extremista ligado ao Estado Islâmico e residente no país invadiu uma ciclovia com uma van, deixando oito mortos e 11 feridos. Fachada do Hotel Safari em Mogadíscio, capital da Somália, onde uma forte explosão deixou pelo menos 215 mortos e mais de 300 pessoas feridas Rohingyas Vários conflitos regionais levaram à migração de refugiados, motivada por conflagrações na Síria, Líbia, Iraque, Afeganistão, Iêmen, Nigéria, Mianmar, Bangladesh e outros países. Há refugiados também por conta de questões sócio-econômicas e climáticas, principalmente da África subsaariana. Os rohingyas foram um dos mais atingidos. Muçulmanos, cerca de 600 mil deles tiveram de fugir de Mianmar, país de maioria budista, para Bangladesh. As Nações Unidas e organizações, como Médicos sem Fronteiras, denunciaram que os militares de Mianmar executaram uma política de genocídio e limpeza étnica contra os rohingyas, que são considerados imigrantes ilegais e não têm cidadania em Mianmar, embora vivam na região há séculos. Famílias rohingyas em acampamento improvisado de Balukhali, em Cox's Bazar, Bangladesh Assédio sexual O mundo foi tomado por uma surpreendente onda de denúncias de assédio sexual, que atingiu principalmente um dos mais famosos produtores de Hollywood, Harvey Weinstein, acusado de assediar sexualmente pelo menos 13 atrizes. Os fatos teriam acontecido ao longo de um período de cerca de 30 anos. Mix de fotografías de arquivo que mostram o produtor Weinstein e as atrizes Gwyneth Paltrow (centro) e Angelina Jolie Incêndios florestais Portugal foi um dos países mais atingidos por incêndios florestais. Foram mais de 100 mortos e centenas de feridos e desabrigados em dois grandes incêndios: em Pedrógão Grande e Góis. Em relação aos últimos dez anos, 2017 teve mais de 440 mil hectares queimados. Relatórios técnicos apontam que as autoridades não agiram de forma adequada e a falta de ação preventiva contribuiu para as tragédias. O primeiro-ministro português, António Costa, anunciou que vai reformular o modelo de proteção civil do país. Incêndio florestal de grandes proporções atingiu Portugal em 2017 A Sérvia, a Bulgária, a Grécia e a Turquia também tiveram inúmeros focos, assim como a Macedônia e a Albânia, em menor intensidade. Em dezembro, o sul da Califórnia também sofreu com as queimadas. * Colaborou Bernardo Carvalho, editor da TV Brasil
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