Nove anos depois, "Farra dos Guardanapos" é tema de exposição no Rio
![A exposição Farra dos Guardanapos, do artista Gabriel Giucci, inspirada na confraternização do ex-governador Sérgio Cabral com secretários de governo e empresários em Paris, em 2009, é inaugurada na Galeria Aymoré, no Rio - Fernando Frazão/Agência Brasil](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/f9/2018/09/01/1set2018---a-exposicao-farra-dos-guardanapos-do-artista-gabriel-giucci-inspirada-na-confraternizacao-do-ex-governador-sergio-cabral-com-secretarios-de-governo-e-empresarios-em-paris-em-2009-e-1535847616797_615x300.jpg)
A análise das imagens de um jantar em 2009, em Paris, do qual participaram o então governador do Rio, Sérgio Cabral, secretários e empresários envolvidos em um esquema de propinas posteriormente desvendado no estado é a base da exposição Farra dos Guardanapos, que fica aberta na Galeria Aymoré, no bairro da Glória, até o dia 23 deste mês. As imagens são do artista plástico Gabriel Giucci.
A partir de 2011, Giucci concentrou-se no estudo de expressões faciais humanas para realizar o seu trabalho. Isso porque, para ele, a sociedade vive um momento emotivo que enfatiza muito os rostos das pessoas, por meio de fotos nas redes sociais, ou mesmo nos emoticons. Em 2015, Giucci juntou a sua arte com os acontecimentos da Operação Lava Jato. "Aliei a questão da fisionomia humana e da expressividade à questão política e encontrei conexões que achava interessantes para explorar a cultura sóciopolítica com essa expressividade que as pessoas enfatizam tanto", explicou o artista plástico.
Foi com o foco na Lava Jato que o artista chegou às imagens do jantar, que transformou nas pinturas que fazem parte da exposição inaugurada neste sábado (1º). "Depois da Lava Jato, achei que a Farra dos Guardanapos seria um bom trabalho para falar do Rio - a Lava Jato no âmbito nacional e a Farra dos Guardanapos, no regional. Seria interessante terminar esse projeto de representação com esse marco histórico, esse evento do Sérgio Cabral e da comitiva dele em Paris", afirmou.
Para Giucci, o jantar é de uma magnitude muito grande, porque representa um ápice e também o momento da derrocada do grupo, que mostra uma euforia exacerbada e decadente em um local totalmente aristocrático, como era o do restaurante parisiense. "Tem um local muito nobre, pessoas embriagadas. Uma visão primitiva em uma coisa muito educada. Tem fatos interessantes. É o ápice do poder com a consequente decadência desse mesmo império."
Embora admita prorrogar o período da exposição, caso o espaço permita, o artista não pretende levar a mostra para outros locais. "Percebo, claramente, que se encerra um ciclo de representação que começou com a Lava Jato. Tive uma visão muito cedo do ocorrido e fiquei trabalhando de 2015 a 2018."
Giucci ressaltou que existem outros políticos com os quais poderia ser desenvolvido um trabalho semelhante, mas não quer focar em uma pessoa específica. "É um tema delicado e polêmico ,e já tratei da forma como eu queria", completou.
Para a curadora da exposição, Gabriela Davies, que entrou no projeto em março, com a liberação do espaço da galeria, o relevante no trabalho é que os quadros não retratam o escândalo, mas a emotividade que aparece quando as pessoas ficam eufóricas em situação de poder. "Ele repetiu as imagens algumas vezes, como foram repetidas em muitas matérias [notícias], inclusive fora do Brasil. E a repetição acaba até confundindo quem é quem. Conseguimos apontar o Sérgio Cabral e o Sérgio Côrtes, por causa da volta deste à prisão. Os outros não ficam tão claros na nossa cabeça, mas todos se misturam em sorrisos e expressões tão fortes que acaba-se focando mais nas expressões do que no aspecto físico de cada um."
Giucci nasceu em 1987 em Princeton, nos Estados Unidos, mas veio cedo para o Brasil. Estudou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e completou os cursos na New School, em Nova York. Ele trabalhou nos estúdios dos artistas plásticos Raul Mourão e Henrique Oliveira e em 2015 foi indicado ao Prêmio Pipa, criado em 2010, em uma parceria entre o Instituto Pipa e o Museu de Arte Moderna do Rio (MAM) para estimular a produção nacional de arte contemporânea.
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