Mais de 821 milhões de pessoas no mundo passaram fome em 2018
Relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) revela que uma em cada dez pessoas, na população de todo o planeta, passou fome no ano passado. O número totaliza 821,6 milhões de pessoas. Se consideradas as pessoas em condição "moderada" de insegurança alimentar, o total chega a 2 bilhões ou 26,4% da população mundial.
Conforme o documento "Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo", desde 2015, a taxa de prevalência de desnutrição em todo mundo parou de cair e manteve-se em 11%. "A prevalência da insegurança alimentar moderada ou grave é baseada na escala de experiência de insegurança alimentar. Esse indicador vai além da fome e fornece uma estimativa do número de pessoas sem acesso estável a alimentos nutritivos e suficientes durante todo o ano", diz o relatório.
O estudo destaca a gravidade da situação infantil. É o caso dos 20,5 milhões de bebês que nasceram abaixo do peso (um em cada sete nascidos); dos 148,9 milhões de crianças menores de 5 anos com estatura baixa para a idade (21,9%); e dos 49,5 milhões menores de 5 anos com peso baixo em relação à altura (7,3%).
Continentes
Segundo o relatório, no ano passado, a Ásia (especialmente o sul do continente) teve o maior número absoluto de pessoas com fome: 513,9 milhões no total. Na África, 256,1 milhões de indivíduos estavam nessa situação e na América Latina e no Caribe, 42,5 milhões.
Em termos proporcionais, a situação é mais grave no lado oriental da África, onde uma de cada três pessoas (30,8%) está subnutrida. A ONU aponta como causas os conflitos locais, fenômenos climáticos e a retração econômica.
"Juntos, a África e a Ásia têm a maior parcela de todas as formas de desnutrição, sendo responsáveis por mais de nove entre 10 crianças com atraso no crescimento e mais de nove entre 10 crianças com debilitação em todo o mundo", assinala a nota da ONU.
Lusófonos
Apesar de identificar fome, a nota da ONU faz destaque positivo entre os países lusófonos (falantes da língua portuguesa), em especial do Brasil.
"Nos últimos 12 anos, vamos dizer, a prevalência da subalimentação em Angola caiu pela metade, de 55% para 25% da população e em Moçambique também, a prevalência da subalimentação caiu no mesmo período, de 37% para 28%. Ou seja, em ambos os países, a tendência é positiva, porém, a situação continua preocupante. Em Cabo Verde e no Brasil, a situação é melhor. Em Cabo Verde, a fome atingiu 13% da população e menos de 2,5% da população no Brasil", descreve o relatório.
O documento foi lançado por cinco agências da ONU: a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação); a OMS (Organização Mundial da Saúde); a Agência da ONU para Refugiados (Acnur); o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância); o Programa Mundial de Alimentação (PMA; e o Escritório das Nações Unidas de Assistência Humanitária (Ocha).
Além dos problemas de fome e desnutrição, o relatório da ONU aponta para o problema de obesidade. "Em 2018, a estimativa é de que 40 milhões de crianças menores de 5 anos estavam acima do peso", diz a nota da ONU.
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