Tragédia de Itaoca afeta pesca no Vale do Ribeira
O estudo da Unesp foi realizado entre as cidades de Registro e Sete Barras, banhadas pelo rio após a passagem por Itaoca, uma semana depois do temporal. As espécies mais abundantes entre os peixes mortos foram manjuba, com 34,3%, curimbatá, com 22,6%, e mandi, com 7,8%, sendo o restante dividido entre as demais espécies. Os peixes mortos foram observados flutuando no rio ou retidos nas margens. Havia acúmulo de peixes próximo de Sete Barras e Registro, o que levou à conclusão de que, uma semana após o temporal, os peixes ainda rodavam pelo rio, e que a mortandade fora causada pelos deslizamentos de terra ocorridos 60 quilômetros à montante.
De acordo com os pesquisadores, embora o nível do prejuízo para a atividade pesqueira ainda seja incerto, a grande quantidade de peixes mortos aponta para menor abundância das espécies atingidas nos próximos anos. É o caso do curimbatá, espécie comercial pescada praticamente o ano todo, cujo ciclo de vida se restringe às águas doces do Ribeira. Também pode ter sido afetado o ciclo de reprodução da manjuba, espécie importante do ponto de vista comercial e ecológico. O peixe migra do mar para o rio nesta época do ano para a reprodução. Com o fenômeno, os cardumes podem ter sido dizimados ou se refugiado no mar num período em que as fêmeas deveriam estar desovando no rio.
Incerteza
Para o presidente da colônia, que reúne 1,8 mil pescadores de Registro, Iguape e Ilha Comprida, o futuro da atividade é incerto. Nesta sexta-feira, 24, terminou o período de defeso (proibição) e a pesca da manjuba será retomada neste fim de semana. "O estuário todo de Iguape foi afetado pela lama e ainda não dá para saber se os cardumes vão aparecer." Ele acredita que o dano também foi grande na população de robalos. "O peixe que escapou da mancha de sujeira fugiu para o mar." Também morreram muitos exemplares de lagostim preto e amarelo. "É uma espécie que já estava ameaçada de extinção", afirmou.
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