Três dias de eventos lembram um ano da tragédia de Santa Maria
Familiares e amigos das 242 pessoas mortas no incêndio da boate Kiss e a comunidade de Santa Maria (RS) vão participar de três dias de atividades para homenagear as vítimas da maior tragédia da história do Rio Grande do Sul, entre este sábado (25) e segunda-feira (27). A programação está centralizada no "Congresso Internacional Novos Caminhos - A Vida em Transformação", no Centro Universitário Franciscano. O evento, promovido pela Associação das Vítimas e Familiares da Tragédia, vai debater aspectos psicológicos e prevenção de tragédias e também terá atividades de convivência, palestras motivacionais e programação cultural.
Na segunda-feira, dia em que a tragédia completa um ano, haverá ato ecumênico na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e ato público na área central da cidade.
Na abertura do Congresso, o presidente da associação, Adherbal Ferreira, disse que a dor que as famílias sentem "é como uma espada atravessada no peito". Também afirmou, com a voz embargada, diante de 200 pessoas que ouviam em silêncio, que "ela (a dor) não avisa, vem a qualquer hora, principalmente aos domingos".
Interdições
Pelo menos um terço dos 633 estabelecimentos interditados no Estado após a tragédia continua de portas fechadas, segundo dados da DTPI (Divisão Técnica de Prevenção Contra Incêndio) do Corpo de Bombeiros. As interdições desses estabelecimentos --423 conseguiram reabrir e 210 seguem fechados-- ocorreram por problemas em relação às condições de segurança contra incêndio e pânico.
No período entre 27 de janeiro de 2013 e 21 de janeiro de 2014, os Bombeiros fecharam, em média, 52 estabelecimentos que trabalham ou trabalhavam com concentração de público --boates, casas noturnas e espaços de festas, entre outros-- por mês. Na comparação com o ano anterior, a média mensal de interdições cresceu 300%. Em 2012, de acordo com o DTPI, foram fechados por problemas de segurança contra incêndio e pânico apenas 156 estabelecimentos.
Sem indenização
Até agora, nenhuma família de vítima foi indenizada pelo incêndio da boate Kiss. E mais: não há presos, tampouco agentes públicos responsabilizados. Sobre os 16 processados, não há previsão para julgamento.
O inquérito da Polícia Civil que foi instaurado no dia do incêndio indiciou 16 pessoas, mas apenas oito foram denunciadas. O MP não denunciou Ângela Aurelia Callegaro (irmã de Kiko e uma das proprietárias da boate), Marlene Teresinha Callegaro (mãe de Kiko, que constava oficialmente como uma das proprietárias da Kiss), Gilson Martins Dias (bombeiro que realizou a última vistoria na boate Kiss, em 2011), Vagner Guimarães Coelho (bombeiro que realizou a última vistoria na boate Kiss, em 2011), Miguel Caetano Passini (então secretário municipal de Mobilidade Urbana), Luiz Alberto Carvalho Junior (secretário municipal do Meio Ambiente), Beloyannes Orengo De Pietro Júnior (chefe da fiscalização da Secretaria de Mobilidade Urbana) e Marcus Vinicius Bittencourt Biermann (Funcionário da Secretaria de Finanças que emitiu o alvará de localização da boate). Foram denunciadas quatro pessoas por homicídio, duas por fraude processual e duas por falso testemunho.
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