Collor declarou à Justiça que fez 15 empréstimos para empresa 'de fachada'
O senador Fernando Collor (PTB-AL) declarou à Justiça Eleitoral, nas eleições de 2014, ter realizado 15 empréstimos para a empresa Água Branca Participações, que somam um total de R$ 7,4 milhões. A empresa, que pertence ao senador, é considerada "de fachada" por investigadores da Operação Lava Jato, pelo fato de não ter funcionários, sede ou participação em outras companhias.
Os valores dos empréstimos registrados no ano passado variam de R$ 51 mil a R$ 1,2 milhão, de acordo com levantamento feito pela reportagem. A Procuradoria-Geral da República (PGR) suspeita que as operações de empréstimo sejam parte do "sofisticado esquema" de lavagem de dinheiro ilícito realizado pelo parlamentar.
Estão registrados em nome da Água Branca três carros de luxo do senador, das marcas Bentley, Range Rover e Lamborghini. A Ferrari apreendida na casa de Collor em julho, durante a Operação Politeia, está registrada em nome de instituição financeira com a qual a Água Branca contratou um financiamento.
Nas investigações, foram apontados empréstimos considerados "fictícios" em anos anteriores. Em 2011, 2012 e 2013 os investigadores encontraram empréstimos nos valores de R$ 2,1 milhões, R$ 4,2 milhões e R$ 3,3 milhões, segundo documentos enviados à Procuradoria pela Receita Federal. Em 2011 e 2012, a movimentação financeira registrada da empresa foi zero. Em 2013, a movimentação foi de R$ 436 mil. A discrepância entre os empréstimos feitos e as operações da Água Branca chamaram a atenção de investigadores.
Em parecer encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria pediu que os carros de luxo apreendidos na Operação Lava Jato não sejam devolvidos ao parlamentar. Para os investigadores, os veículos são possivelmente produto de crime e as investigações apontam que Collor recebeu R$ 26 milhões em propina, entre os anos de 2010 e 2014.
O advogado do parlamentar, Fernando Neves, disse que não poderia se manifestar, pois não teve acesso ainda ao documento encaminhado pela PGR. No Senado, Collor acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ter vazado o parecer para a imprensa antes de ele ser remetido ao relator do seu inquérito, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki.
Collor rebateu a alegação de que os carros de luxo teriam sido adquiridos a partir de operações de lavagem de dinheiro. Segundo ele, os automóveis foram adquiridos de forma lícita, por meio de empresas legalmente constituídas. Para o senador, há uma sórdida estratégia midiática promovida por Janot. "Utilizam-se do meu nome, da minha imagem, dos meus bens para se autopromover, para fazer aquele espetáculo", disse. "Que humilhação vem me impondo essa alcateia que se apoderou do Ministério Público Federal", afirmou o senador na tribuna.
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